Crônicas da Esquina ( Salve, amigo )

SALVE, AMIGO!

Ao amigo Capelleti

“ Bar também é cultura “, disse-me o dileto amigo. A não ser isso, o bar se lhe surge como um despropósito. Meu metódico amigo prefere asilar-se em casa se a roda de companheiros que lhe salva o dia, é substituída pela horda de meliantes que estragam-no. Para ele, é preciso recolocar o bar no curso exato a que se destina. Botiquineiros autênticos são “ gentlemans” de bermuda e camiseta. Alegres e joviais, são “ clowns” sem alvaiade. Têm almas sorridentes e apascentadas pela cerveja reconfortante.

Infelizmente, no entanto, às vezes, arengueiros grosseiros maculam a paz e ameaçam a integridade daqueles que degustam o dia com calma e prazer. E aí, mesas são derrubadas, viram-se cadeiras e atiram-se cascos.

O bom amigo desaprova e, à francesa, ausenta-se em busca de ares menos densos. Mas não pensem que meu previdente amigo seja dessas pessoas de humor avariado e simpatia duvidosa. Ao contrário, é pessoa que nunca queremos subtrair de nossa companhia. Suas idiossincrasias ( quem não as têm? ) não despertam furor nem enfado e sempre fala o que lhe parece justo e acertado. Amante do papo saudável, não é homem de palavrórios, embora veemente em pendengas vilabelenses. Atualmente, não mora no bairro, mas vive-o com intensidade e prazerosamente.

O que diria o Roberto Delegado do amigo? E o Chico Lavadeira que lhe azeita a indumentária? Perguntem, perguntem a todos. Nenhuma voz dirigirá palavras que não estejam impregnadas de carinho e admiração sincera. Só não perguntem a mim. Nesse particular, basta-me o amigo de uns poucos anos, mas cuja amizade eu meço em quilômetros. A agradável figura que dá o tom a minha crônica, estará lá, na mesma esquina, E estará porque, para ele, é lugar sagrado como uma capela.

Aldo Guerra

Vila Isabel, RJ.

Aldo Guerra
Enviado por Aldo Guerra em 10/08/2008
Código do texto: T1122209