ELISEU, FILHO DE CRIAÇÃO

Te vejo pela janela, brincando na rua.

Chutando bola, correndo e pulando.

Vida séria, tem que ser brincando.

Na chuva não pára, está sempre sorrindo.

Pisando na lama atrás de uma bola.

Ainda não encontrou o caminho da escola.

Acorda bem cêdo e vái cortar lenha.

Ajuda no forno fazendo o seu pão.

Não existe maldades no seu coração.

Foi deixado para trás por sua família.

Às vêzes uma lágrima se faz presente.

Mas ele a ignora e finge que não sente.

É filho de criação e recebe carinho de outra gente.

Não esmorece, o abandono já esqueceu.

No fundo ele sabe que também é, filho de DEUS.

De vêz em quando tem saudades da mãe.

Mas lembrar é uma coisa vã, passageira.

Ele sabe que não terá o seu amor a vida inteira.

Sendo apenas uma criança, nada lhe dói no coração.

Muito menos, ser filho de criação.

Manaus, 23 de fevereiro de 1994.

Marcos Antonio Costa da Silva