Artificial

Artificial

Depois do meu “dia de inferno” fui a um shopping da cidade, um amigo chamou-me para conversarmos sobre certos projetos nos quais ele queria-me para ajudá-lo na coordenação dos mesmos.

Acertamos alguns pontos, falamos sobre alguns possíveis nomes que poderiam vir a trabalhar em “nosso” projeto, discutimos prováveis gastos e jogamos conversa fora.

Despedimos-nos, ele foi ao estacionamento pegou o carro, eu lhe tinha recusado a carona oferecida já que iria encontrar-me com uma amiga para assistirmos um filme ainda indefinido no cinema.

Com poucos minutos recebi um telefonema, era ela (minha amiga), pediu-me mil desculpas dizendo que não poderia ir devido uns problemas que houve em sua casa.

Já não me restava nada se não partir, bater em retirada depois da decepção de pequeno porte, acho muito depressivo ir ao cinema sozinho, por isso resolvi ir embora.

Ao sair do frio artificial do shopping me deparei com uma forte chuva, sai molhando-me nos grossos pingos de chuva que mais pareciam o anunciar de um dilúvio, e era necessário entrar rapidamente na “Arca de Nóe”, ou seja: no ônibus a minha frente.

Enquanto estava na fila pra entrar no ônibus olhei as enormes fotografias estampadas na parede do shopping, com pessoas felizes, sorrisos alargados e crianças brincando com aquela felicidade única que transbordava intransigentemente delas.

Mas assim como o ar artificial do ar condicionado do shopping são todos aqueles sorrisos estampados, toda aquela felicidade paga em cachês por hora aos modelos fotografados, toda aquela felicidade invejável é igual ao ar condicionado do shopping.

Artificial...