OS IMBECIS DE PLANTÃO

O comportamento humano é algo que sempre foi e continua sendo muito estudado, analisado e discutido, mas certamente ainda não entendido no seu todo.

Também, não é para menos. O ser humano, apesar de ser chamado de “racional”, por muitas vezes mostra-se totalmente “irracional”, principalmente com os gestos e atitudes que tem para com seus semelhantes.

E uma das coisas que mais me chama a atenção e chega até a incomodar, é o fato desse tipo de gente se achar superior aos demais, mesmo que não tenha nada para comemorar. São os famosos fantoches falidos, aqueles que engolem bofe e assopram caviar. E, por incrível que pareça, ainda podem ser vistos nas colunas sociais esbanjando aquilo que não têm mais (ou que jamais tiveram).

Gente que não olha nos olhos, que não cumprimenta, que tem expressões pernósticas e arrogantes, olhando para os outros de cima, como se fossem diferentes e superiores. Talvez ainda não tenham se dado conta de que o destino de todos é virar pó em um forno crematório e depois ser jogado ao vento ou guardado dentro de algum recipiente que será devidamente esquecido com o passar do tempo. O pior é se esquecerem também onde colocaram o tal recipiente. E, se não virar pó, apodrecer dentro de uma caixa de madeira fétida, sob a terra, ou numa gaveta construída em um muro. A esse pessoal eu sugiro que acompanhe a exumação de um cadáver. É desconcertante, e não conheço ninguém que tenha ficado insensível nesse momento ou depois dele. Desnecessário entrar em detalhes.

Sempre que me deparo com pessoas que nem me olham eu faço questão de cumprimentá-las, e de forma solene: “Boa noite, senhora”, “Bom dia, meu jovem”, (às vezes ainda faço uma reverência corporal). E, é claro, depois da surpresa da figura, vem o retorno meio que balbuciado, mas vem.

Custa para alguém, por exemplo, segurar a porta do elevador quando outra pessoa está chegando, evitando assim a espera desnecessária? Não, não custa. Mas tem imbecil que faz isso e ainda se acha importante e realizado.

E quando compram um carro novo, então, em muitos casos financiado em 72 “suaves” prestações? Olham para você com aquele ar penoso e debochado. Mas não passa pelas suas cabecinhas pequenas que depois de seis anos o carro já estará tão depreciado que deve até dar desgosto continuar pagando. Sem contar que, quando cair a ficha, vão perceber que pagaram o equivalente a dois ou mais carros do que realmente vale o seu. Aí eles já não te olham com aquele ar penoso e debochado, mas provavelmente irão procurar um espelho para admirar mais um imbecil de plantão.

O mundo não mudou, foi mudado por quem o habita. As relações e os valores são ignorados, objetiva-se apenas seu próprio bem estar, num egoísmo atroz e suicida, onde valem todos os meios para se chegar ao fim pretendido.

E, o pior de tudo, é que eu tenho a nítida sensação de que a quantidade desses imbecis aumenta assustadoramente a cada dia.

E aqueles que não se enquadrarem no “esquema imbecil” passarão a ser vistos como imbecis por esses imbecis de plantão.

Vade retro.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 15/08/2008
Reeditado em 16/08/2008
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