Este  fato  aconteceu com uma prima de minha mãe.
Ele serve de alerta.
Sempre alertamos às crianças quanto ao perigo de se aceitar algo de estranhos, mas nos esquecemos de alertar aos adultos distraídos. 
   
ACEITA UMA BALA?

Todos nós temos em nossas famílias pessoas cuja a vida é um mar de coisas engraçadas. Elas são, quase sempre, protagonistas de fatos hilariantes mesmo quando eles chegam perto de uma tragédia.
Eu tenho uma prima chamada Isabel, que durante toda a sua vida vem nos brindando com suas histórias. 

Pessoa totalmente do bem, Isabel sempre esteve envolvida com a comunidade de seu bairro acudindo a todos, a tempo e a hora, com sorriso nos lábios e muito elogios para levantar o moral das pessoas. 

Feliz pela própria natureza, passou por muitos maus momentos na vida, mas nunca foi capaz de reclamar da própria sorte. 

Certo dia, Isabel foi ao banco para pegar o dinheiro de sua aposentadoria. Na fila, conheceu uma senhora e logo pegou amizade, iniciando uma longa e animada conversa. 

Esta senhora contou toda a sua triste vida para a Isabel e lhe perguntou se ela conhecia alguma farmácia de manipulação pois, precisava mandar fazer um remédio para uma tia muito pobre e doente. Isabel pensou em dar o endereço e pronto porém, por ser muito religiosa, bateu-lhe uma profunda culpa já que a campanha da fraternidade daquele ano estava voltada para a "Dignidade Humana e Paz Novo Milênio sem Exclusões". 

Na cabeça de Isabel passou uma nuvem de reprimenda de que estava sendo egoísta, de que não estava levando em conta a dignidade humana e que estava praticando a exclusão com essa senhora. Como uma pessoa pode ter um coração puro sem respeitar os ditames de sua religião, pensava ela.
Não teve dúvidas, prontamente se colocou para conduzir a "pobre" senhora até uma farmácia e assim ficar quite com Deus. 

E lá foram as duas atravessando avenidas cheias de gente, numa conversa animada e alegre de duas amigas íntimas. 

Isabel observou que a senhora chupava balas seguidamente, mas Isabel sempre detestou balas. Seus olhos porém, não conseguiam desviar da quantidade de balas que a senhora possuia e assim sua fala foi mais rápida do que seu pensamento fazendo-a cair na asneira de perguntar se a nova amiga era diabética.
- Não, não sou respondeu.Quando estou preocupada com algo sou compulsiva em chupar balas.Por favor aceite uma bala, são deliciosas, se você não aceitar ficarei ofendida.

Quem é Isabel para ofender alguém, jamais permitiu alguém ficar com raiva dela por pequenas concessões. Aceitou a bala e ficou segurando-a na mão já que detestava balas. A senhora insistiu -chupe é uma delícia.

Isabel, rapidamente, colocou a bala na boca e a deixou escorregar o mais ligeiro possível pela garganta para ficar livre daquela insistência. 

Caminharam mais um pouco, e antes de chegar à farmácia Isabel resolveu convidar a amiga para tomar um suco de laranja e assim se refrescar do calor. 

Sentaram-se uma ao lado da outra naqueles banquinhos redondos de lanchonete aguardando o garçon. 

De repente, Isabel não viu mais nada. Apagou como se apaga uma vela. Seu corpo foi escorregando em direção ao chão como parafina derretida, entrando num sono profundo. 

O dono do bar apavorado perguntou para a "amiga" o que estava acontecendo ao que ela respondeu:
- sou dama de companhia desta senhora e isto vai passar rapidinho; ela tem um pequeno probleminha e eu estava indo com ela para o consultório do médico.

 O senhor me faz um favor? perguntou a "amiga".

- Claro!!! 
- O senhor dê uma olhada nela que eu vou buscar o médico dela, o consultório dele é logo ali, já já estou de volta. 

A "grande amiga" pegou a bolsa de Isabel e saiu e até hoje o dono do bar está esperando pela sua volta. 

Isabel? Foi parar na UTI de um hospital e seus filhos só a acharam porque é muito conhecida e uma alma boa sempre é abençoada. 

Quanto a bolsa? Nunca mais se teve notícia. 

E ao dinheiro? Isabel fez um monte de empréstimos para poder pagar as contas daquele mês.