Sono
Escrever com sono a horas tardias tendo a hora mudado há pouco é tarefa de fracasso e de cansaço; mas abrindo a boca e piscando os olhos matraqueio letras, a que quero dar sentido, no sentido de ser lido e compreendido, como aquele que desejava escrever uma história e só consegue descrever o sono, que será ... zzzzzzzz ... é muito fácil, afinal uma só letra repetida e ei-lo; o sono perfeito em banda. Mas não, o sono perfeito será antes o terno óó, do tenro bebé. Quem me dera ter esse sono, mas já é tarde na hora e na idade e o meu é agora por vezes ressonância, que me acorda abalado por cotoveladas da parceira do meu sono.
Não vale a pena resistir ao sono, nem à parceira. Não ir para a cama ajuda a resistir, mas trás terríveis torcicolos e arrepios da madrugada. Meia-noite é o limite aconselhado, e, vá lá Meia-hora de hoje; depois mais nada, a não ser o sonho. O sonho de não ter sono, e escrever algo com sentido.
Não vou resistir muito mais tempo e esta carta vai ficar aqui, mortiça como vela de cera em catre. Boa noite leitores, amanhã vou por no correio electrónico, estas notas de intróito a uma História do Sono, disponíveis no mercado de sesta, perdão sexta, se acordar a redacção.
Assina um Sonador,
o que o meu computador não quer aceitar e sugere Senador. Aceito? Há certa relação com sono; Câmaras de Parlamento, de Senado, de Lords, enfim, a cadeirões com estofo fofo quem resiste?