Os sargentos loucos

Os dois sargentos que aqui falo ficaram loucos logo depois que chegaram de uma temporada na África. Chegaram aqui no Brasil há mais ou menos uns seis meses, e logo foram levados para o sanatório naval, nunca foram de violência, e nem muito menos de ficar falando, mas quando eu os vi, há uns três meses atrás, senti pena, eram homens fortes, talvez uns dos melhores batedores de todo o Corpo de Fuzileiros Navais, hoje não passavam de pele e osso, estavam muito magros, não me reconheceram. E conformado com a situação apenas digitei a ordem para levá-los a outra unidade de saúde, uma que se localiza na Penha, seria um procedimento simples, eles iriam até essa unidade fazer exames e voltariam no findar do dia.

Com a ordem em mãos, pedi que o motorista os levassem, como eram pacientes de trauma psicológico, foi também na viatura um enfermeiro, tudo seria tranqüilo se não fosse o motorista parar no meio do caminho para comprar cigarros, pois quando ele desceu da viatura um dos malucos abriu a porta e saiu correndo pela AV. Brasil, o enfermeiro que estava no carro não sabia se corria atrás do doido fujão ou se ficava com o outro na viatura, gritava o tempo todo para o louco voltar, mas ele fazia de conta que não ouvia.

O motorista que estava comprando cigarros nem se deu conta no início do que estava acontecendo, mas quando ele chegou percebeu logo o que estava ocorrendo e saiu atrás do louco fujão. Não demorou muito para encontrá-lo, pois ele estava do outro lado da AV. Brasil, em uma barraca de sanduíches, já tinha comido uns três, mas quando viu o motorista gritou que não agüentava mais a comida do sanatório.

Foi um dia daqueles!