O acerto

Invadi a praça de alimentação com o pé direito,meu coração estava aos pulos, na minha testa a evidência da minha agonia: pingos de suor.

Observei as primeiras mesas, nelas apenas pessoas comuns, continuei com lentos passos, nada de avistá-la, a cada passo meu nervosismo aumentava, minha garganta estava seca como o sertão em intempéries.

Ao terminar de dar uma volta na praça de alimentação, um mesclar de sentimentos me abateu, seria difícil revê-la novamente, mas era necessário.

Não deixaria que a nossa amizade se fosse como os freqüentes porres da nossa juventude, pois eu amava-a e ainda amo, como nunca amei outro ser, havia a necessidade de protegê-la, ajudá-la, beijá-la, estar perto, nossa amizade, nosso amor não é como os porres da juventude que passam, pois jamais a esqueci e jamais a esquecerei.

Meu telefone toca, é ela, ela me fala que precisou ir e que nosso encontro ficou para amanhã.

Depois de uma noite mal dormida ao som de um CD dos Los Hermanos escutado pela noite em claro no outro dia fui ao mesmo local da tarde passada.

Desta vez o nervosismo era menor sentei em uma das cadeiras da mesa e a esperei, duas mãos suaves encobriram minha visão, um queixo feminino deslizou pelo meu pescoço, era ela, era ela!

Era ela: Patrícia, ela sentou, educadamente pediu licença aos outros membros da mesa, pedi desculpas ao pessoal e então nos sentamos em outra mesa em particular.

Conversamos, conversamos e conversamos...

Não tardou muito para arrancarmos sorrisos um do outro, por mais incrível que pareça, o triste episódio indecifrável foi resolvido sem rancor, sem ressentimentos, sem covardia e sem desculpas desnecessárias.

Nos acertamos, finalmente nos acertamos, um abraço e alguns beijos trouxeram de volta as cores do meu arco-íris, o lirismo de Shakespeare a poesia de Camões e a graça de Charles Chappling, voltaram à minha vida.

Na minha vida foi-se dissipada as nuvens negras e os raios de sol voltaram a brilhar porque simplesmente nos acertamos.

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