Você levou um pé-na-bunda ou pulou uma fogueira?

Prezados amigos, devo confessar, antes de tudo, que este texto é quase um plagio! é além de tudo uma homenagem a uma “amiga das letras” que escreve muito bem, Pilar Fazito. Ela com suas mãos e as minhas duas no sentimento de um dia ter levado o famoso Pé-na-bunda! quem já não passou por isto! Espero que gostem do texto e que este cumpra o seu papel nas raias literárias!

Você levou um pé-na-bunda ou pulou uma fogueira?

Simplesmente você acordou com um “ sabe o que é, acho que a gente não dá mais certo”. Te deixaram sozinho, acabaram com seus sonhos. É meu amigo ( a), você acabou de levar o famosíssimo “ Pé-na-bunda”. Especialmente naquele instante em que você achava que tinha encontrado a pessoa certa. Finalmente a felicidade havia batido em sua porta. Em tempo algum você tinha sido tão feliz! .“Tadinho” ou Tadinha”. Te convido a fazer parte da equipe dos enjeitados, pega aqui seu colete. Hoje o jogo é entre os felizes e os enjeitados, e estes últimos, claro, usarão coletes vermelho, para ficar bem claro quem levou o dito “pé”.

Se for uma forma de consolá-lo, devo dizer que você não é o primeiro felizardo. E começa a escutar as velhas e mofadas frases: “ Não fique assim, logo,logo, você vai encontrar alguém legal” ou “ Pare de chorar, moça bonita não chora”. Uiiiii! Estas são as piores! Mas vamos ao que interessa. Sinto informar-lhe, mas você acaba de voltar de um processo de abdução!

É! e este pé-na-bunda que você acaba de levar é a coisa mais terrível que lhe pode acontecer quando você se entrega não é ? . Posso explicar. O mais complicado neste processo de “retorno” ao seu mundo, é que você havia jogado seu amor-próprio numa lata enorme de lixo, realizando todas as vontades do outro. E então, até que você consiga mergulhar no lixo e reencontrar o que você jogou lá...

O abduzido é aquela criatura que quando acorda deixou de ouvir o rock de que tanto gostava para ser fã incondicional de Rio Negro e Solimões( nada contra os artistas), só porque “Fifonho” ou “Bodoquinha” não gosta. Que o diga Pilar Fazito. Parabéns pelos apelidinhos Pilar!.

“O abduzido geralmente é feliz em sua santa ignorância e acha que as reclamações de parentes e amigos quanto ao seu sumiço não passam de implicâncias com sua "alma-gêmea"”. Não consegue realizar nada que esta figura venerada não esteja sabendo. Fazer uma trilha com os amigos, um rapel maravilhoso então, nem pensar! A felicidade do abduzido só pode ser melhor compreendida quando “Fifonho” ou “Bodoquinha” lhe trata muito mal e ainda assim ele diz: “ Ela (ele) tem uma personalidade invejável não é ?”.

Mas seu precioso pé-na-bunda meu amigo(a), era previsível! Lógico que sim! Era muita servidão voluntária, falta de personalidade e convenhamos, um capacho não inspira muita admiração! Voltemos ao fatídico dia. Você acordou com a marca de um tênis na parte traseira da sua calça, bem na altura das ancas. Acorda triste, arrasado. Claro! Como você vai conseguir viver sem os maus-tratos de “Fifonho” ou “Bodoquinha” ?.

E de tanto parafrasear a Pilar, convido-a a estar ainda mais presente nesta escrita científica! Vem cá Pilar, diz aí, o que você acha de tudo isso ?.

“Olá amigo(a), aceitando o convite posso dizer que: vai por mim! depois que a tempestade passar, você vai perceber que foi a melhor coisa que te aconteceu na vida e que se livrou de uma enorme encrenca. Claro, bem antes disso, você vai olhar para o alto e pensar: "30 andares... deve ser o suficiente". Então, vai subir no alto do Edifício Acaiaca, em Recife, ou no Mirante do Vale, em São Paulo; ou ainda no Rio Sul Center, no Rio. Vai encenar essa novela mexicana durante um bom tempo até se tocar que não tem coragem para tirar a própria vida. Mesmo assim, ainda não se convencerá de que era ruim com Fifonho (ou Bodoquinha)... Você ainda vai procurar seu ex-amor uma dezena de vezes, ensaiando uma reconciliação ou negociar um tempo, quem sabe... Não, você ainda não entendeu que quanto mais se arrasta, menos há chance de volta. E que, bobeando, o fato de não ter volta seja uma sorte maior do que ganhar a Mega-Sena acumulada por três vezes seguidas.”

Depois de um mês sem fazer a barba (ou sem se depilar), você percebe que a cabeleireira que você nunca viu ou o peão da obra da frente, dá uma piscadela e você pensa que não está tão mal assim! Isso,reaja! É hora de dar a volta por cima, finalmente! Vá ao salão ou barbearia e ravalie seu visual, inscreva-se naquele curso de reciclagem que tanto queria fazer, “ ― inclusive o de gaita de fole, aquele instrumento desengonçado que Fifonho (ou Bodoquinha) sempre achou brega ―” Isso Pilar, boa lembrança! Agora é a hora ,vá ao carnaval maravilhoso de Olinda distribuir seu amor para a humanidade. Estás curado senhor abduzido!

Neste momento acontece algo inexplicável. “ Já sei Sanderly, o maldito Fifonho (ou a Bodoquinha) reaparece como que por milagre. Pensou melhor e percebeu que não pode viver sem nosso (a) amigo(a)” , Isso mesmo Pilar. Agora é o momento daquele PÁRA TUDO! E te convido novamente a nos presentear com suas palavras. “ Convite novamente aceito Sanderly. Bem prezado(a) este é um momento decisivo, é o clímax de toda a sua curva dramática. Já disse um sábio chinês que errar uma vez é humano, duas é burrice. Como o próprio termo diz, ex é ex. Já era. Passado, capicce? Toda maneira de amor vale a pena mas, em se tratando de relacionamentos amorosos, uma lei é universal: a da evolução das espécies. É o famoso "a fila anda". Sobretudo se você acaba de sair de uma abdução. Suas pernas ainda tremem ao encontrar a figura, você sabe que se deixar, acaba tendo uma, duas, todas as recaídas do mundo. A carne é fraca? Então, ponha a mente para funcionar:

1º passo: Corra, Lola! Run, Forrest!

Evite o encontro ao máximo e vá procurar a sua turma. Vá viver! Vocês não têm mais nada para tratar (a não ser que tenham feito filhos no meio do caminho, aí a história é outra). O negócio é fazer as malas assim que sentir a aproximação do ponta-pé e sair correndo sem olhar prá trás. Lá na frente você vai começar a diminuir a toada, apreciar a paisagem, conhecer gente nova e interessante, assuntos instigantes e nem vai se lembrar de onde veio. Lembra o curso de gaita de fole? Pois é, aquilo lá rendeu um contato com a companhia de sapateado escocês Lord of the Dance e, veja só, aquela bailarina ruiva de cabelo cacheado tá te dando mole desde o primeiro ensaio. Fifonho? Bodoquinha? Quem?

2º passo: Ex não é amigo.

Ok, vocês foram o melhor amigo um do outro quando eram namorados. E nada impede que se falem amigavelmente vez por outra. Mas não vá achar que devem combinar saídas e encontros como se nada demais tivesse acontecido. Aconteceu. A casa caiu! E se você foi mesmo abduzido, uma amizade nefasta como aquela não acrescentará nada para a sua evolução pessoal. Deixe os encontros a encargo do destino: atravessando o sinal no meio da rua, xingando no trânsito, essas coisas...

3º passo: Deixe de ser masoquista!

Guardar e ler a cada dois dias as cartas, os e-mails, ver as fotos, ficar remoendo todas as lembranças, manter aquela quantidade de bibelô ou bichinho de pelúcia que só servem para acumular poeira e mágoa... Nada disso vai aplacar a falta que você está sentindo. Pelo contrário, isso só prolonga ainda mais o sofrimento e te faz perder um preciosíssimo tempo produtivo. Jogue tudo fora. Queime essa tralha toda, doe, jogue no rio, faça o que quiser, mas limpe o ambiente.

4º passo: Provocar ciúme pra quê?

Você saiu daquele relacionamento se sentindo a lasca da unha encravada do soldado raso da Primeira Guerra Mundial. Nada mais compreensível que agora queira "dar o troco", mostrar que está bem, que deu a volta por cima. O problema é quando quer mostrar que está melhor que o outro. Você começa a se render a subterfúgios na internet, por meio de amigos para fazer o ex (ou a ex) saber que você agora é secretário pessoal do Bill Gates ou que está "pegando" uma das (ou um dos) modelos do São Paulo Fashion Week. Se você comprar um boneco vudu numa loja de macumba, dá na mesma. Você acaba dedicando horas do seu precioso tempo nessa atividade estéril de continuar roendo o mesmo osso. Não percebe que se continuar na sua pode encontrar um prato de filé mignon mais à frente.

5º passo: Produza!

Quer esquecer alguém? Lembre-se de você mesmo e trabalhe! Trabalhe como nunca trabalhou antes na sua vida. 8, 9, 10, 15 horas por dia. Quando cansar, vá para a academia ou vá pedalar um pouco. Gaste energia numa caminhada. Nos fins-de-semana, divirta-se até desopilar o fígado. Vá ao cinema sozinho. Finalmente você não se sentirá obrigado a assistir aqueles filmes idiotas de ação ou aquelas baranguices românticas. A pipoca renderá mais e, de quebra, você se instrui com filmes edificantes.

6º passo: Não se iluda.

Tudo bem, você terá freqüentes arroubos de carência. Mas não vá achar que sair à caça em bares vai aplacar essa sua falta e te por diante da sua alma-gêmea, a quem você finalmente poderá confiar toda a sua existência e o seu amor. Pode "pegar" dez ou doze numa única noite. A cara-metade que lhe é destinada não estará nessa lista. Quando acordar, aquela ressaca moral e o vazio vão te dar um esfuziante "bom dia". E isso se repetirá ad infinitum, até você entender e aceitar que ninguém aparece na vida do outro para "salvá-lo".

Quando você finalmente aprender a cuidar de si mesmo e se virar, vai acabar topando com outra pessoa em igual condição e então contribuirá para a teoria darwiniana da evolução das espécies. Se não achar que é capaz de tal proeza, ao menos tenha certeza de que Fifonho ou Bodoquinha nunca mais terão assento no seu sofá. Como diria Armstrong (o cara da lua, não o trompetista, por Deus!), isso seria um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade.”

Um abraço à todos, Sanderly Correia e sem cá estar, já estando,Pilar Fazito. Obrigada Pilar.

Sanderly Correia
Enviado por Sanderly Correia em 25/08/2008
Reeditado em 24/05/2010
Código do texto: T1144931
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