INÉDIA



          Não acredito que possamos viver/sobreviver na sociedade da forma como ela é estruturada, sem que algo seja sacrificado (ou esteja ali “em sacrifício”). Quero dizer com isso que alguma coisa sempre é sacrificada em benefício de outrem, geralmente o nosso. Acredito também que essa seja a razão de nossa obrigação em agradecer pelo alimento, assim como por tudo que, na verdade, é dádiva em nossa vida (abrigo, agasalho e uma lista infinda de itens que a tornam possível, segura e confortável).

          Respeito, profundamente, as opções alheias, mas não sou totalmente vegetariana e não posso afirmar que nunca vou ingerir nada que não seja natural. Sempre busco viver da forma mais natural possível, mas já houve momentos muito específicos em que tomei os alopáticos prescritos, sem remorsos.

          Porém, concordo com aqueles que dizem que o problema da alimentação não está apenas relacionado à carne de animais. Sempre que nos alimentamos, vestimos, calçamos, o fazemos porque algum ser de algum reino morreu ou foi morto. Não é uma verdade agradável, mas é uma verdade. E na maioria das vezes em que consumimos um produto, mesmo aquela fruta que foi “colhida no pé”, poderemos estar ingerindo algo que já está se decompondo. Pois, que medida de precisão temos para avaliar o ponto crítico em que a maturação atinge o auge e começa a decomposição? Como conseguir tal grau de pureza na sociedade tal qual ela se organiza atualmente? Por comodismo e por má educação o homem passou a ingerir, consumir mais do que necessita em todos os aspectos. Creio que esse é o mal.  O homem perdeu o respeito e abusa.

          Por que abraço a campanha que combate a crueldade contra os “seres vivos”: animais, plantas, minerais? Naquele site indicado pelo Ronaldo Rhusso, no poesia on-line, algum tempo atrás, as questões relacionadas a esse assunto, envolviam vários focos. Há a crueldade relacionada à alimentação, ao vestuário, à pesquisa, ao esporte, ao lucro, ao “lazer”, ao sadismo, ao exibicionismo, aos ritos de passagem, etc... etc... Naquele vídeo não é mostrado, por exemplo, que alguns criadores de cães, no afã de conseguirem novos pets, cada vez mais “fofos”, matam todos os filhotes que, ao nascerem, não têm as características desejáveis para aquela raça. Sim, eu disse “matam”, friamente, para não comprometer a "pureza" das futuras proles.

          Então, retomo, por que essa questão é tão importante? Porque acredito que aquilo que um ser humano apresenta num grau, possui potencialmente em outros. E esclareço. Aqueles que são capazes de perpetrar tais barbaridades contra a vida, dita animal, vegetal, mineral, sob determinados estímulos, podem fazê-lo também contra seres humanos, seus irmãos, porque a frieza e a crueldade são um aspecto de seu caráter, estão ali. Qualquer gatilho pode disparar o comportamento. Creio nisso convictamente. 
O meio de evitar isso é combater a crueldade em todas as suas manifestações.


          Se nosso alimento sempre vem de algo sacrificado, esse sacrifício deveria ser amoroso, dentro do possível, e envolver apenas o essencial e não os volumes correntes.
Em Marcos (VII: 14-23) há uma passagem interessante e pouco comentada sobre a questão do que é certo ou não comer. Creio portanto, que, mesmo que o vegetarianismo seja uma boa escolha, ele ainda não é a solução.

          Há uma corrente se formando, pequena ainda, e que não pode ser empreendida sem preparo, iniciada, pelo que sei, pela australiana Ellen Grave (Jasmuheen), para a qual a proposta é “Viver de Luz” (mesmo assim ainda estaremos matando alguns “bichinhos" ao respirar...). Segundo Jasmuheen, esse é o futuro da humanidade. Um dia, vamos viver retirando o mínimo do ambiente ao nosso redor (um pouco de água, umas poucas bolachas...). Algumas das vantagens comentadas por ela: diminuição da atividade predatória, dos gastos, dos trabalhos e do tempo passado no banheiro... Pessoas e ambiente mais saudáveis, mais tempo para cuidar do que é importante: isso será muito bom!


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