Mais um adeus

"O amor é uma agonia

vem de noite, vai de dia

é uma alegria

e de repente

uma vontade de chorar"

(Vinícius de Moraes)

Aquele amor pareceu-lhe assim: preguiçoso balançado em rede de domingo, fogoso como em dias de sol. Ele vinha, ele ia. Ele veio, ele foi. Mas depois de tanta presença vinha sempre o abismo e acordou tarde naquele dia, agarrada ao travesseiro; fosse pelo cheiro talvez, travou-o entre as coxas. Olhos abertos no quarto fechado, soterrada por cenas pelos cantos da casa e pelas ruas da cidade. Até o Mar, que nunca foi de ninguém, agora era dele. E as músicas? Todas coladas às imagens, cheiros, tato, rastro.

O Rio agora teria seus olhos porque foram tão longe. Porque foram tão longe? Tentou lembrar, mas nessas coisas não há volta.

A despedida, como sempre, foi às pressas. Voô perdido para que não se perca nem o último minuto. Ainda inerte na beira da cama, viu o bilhete de quatro dias atrás quando ele foi comprar jornal e tudo ainda era tão pra sempre: "Volto em um minuto". Então, ela esperaria.

Colocou o biquine e foi dar um mergulho no Mar.