Renúncia

Sempre que fazemos escolhas renunciamos a alguma coisa.
Inevitável.
Quando mudo de cidade, renuncio a amigos, amores, paisagem diária.
Aos bons dias vivenciados, às noites de luar da paisagem deixada para trás.
Novas escolhas significam perdas.
Tantas!
Algumas sofridas outras desejadas.
Essa é a razão das escolhas significarem riscos.
Quando deixo um amor antigo renuncio à sua família, sua presença, suas manias, gostos e desejos.
Renunciar é ousar, desafiar.
É o abandono do passado e a busca do presente.
Quando mudamos de trabalho, de casa, renunciamos aos afetos conquistados, aos desafetos.
Pessoas partem, outras chegam.
Deixam um pouco ao partir.
Levam um pouco também.
Importa ser feliz.
Apenas isso, independente das escolhas e renúncias provocadas.
Sinto que minha alma quer mudança de rumo.
Não reluto a isso.
Deixo acontecer e me respeito.
Não sei para onde ir, mas vou.
Não sei o que quero exatamente, mas quero.
Mulher livre, que sou, permito-me esses desafios.
Conhecer novas paisagens, encontrar novas pessoas.
Deixo meu corpo reagir naturalmente, acompanhar minha alma nos seus desejos.
Nada tenho a fazer, apenas respeitar.
Compreender-me sem expectativas.
Sonhar, dormir, acordar.
Sem olhar para trás.
Renunciar, perder, ganhar.