O MEDO DE NÓS MESMOS

Em meio a uma conversa, aparentemente simples, surgiu o fato de tomarmos algumas atitudes que, racionalmente, não tomaríamos. Aquelas que o momento, o instinto ou uma seqüência de fatos são capazes de provocar. O verdade é que, se as analisássemos com mais cuidado, talvez enxergássemos uma série de fatores que poderiam ser desencorajadores. Mas, raramente, paramos para pensar de forma lógica nesses casos.

Pois foi exatamente sobre algumas dessas situações que comecei a pensar. Há momentos em que somos impelidos a agir – e o fazemos – sem nenhuma análise prévia das implicações que isso pode ter. À vezes, logo em seguida nos damos conta do que fizemos e, só então, passamos a pensar no assunto. É o que acontece, por exemplo, quando um carro nos corta a frente no trânsito e, num ímpeto inicial, até aceleramos para tentar tirar satisfação do outro motorista. Há até quem vá até o fim nessa aventura. No entanto, sabemos bem que o resultado disso pode ser desastroso.

Felizmente, no entanto, nem tudo são tragédias em situações semelhantes. Também podemos ser bem-sucedidos e terminar uma noite, inicialmente sem perspectivas, de forma muito agradável. Talvez, durante uma festa, não resistamos à vontade de falar com uma pessoa que nos pareceu interessante e, em alguns minutos, tenhamos mudado o fim da história. Aí tudo acaba bem. Um encontro desse tipo pode durar uma noite apenas, quem sabe avançar para um passeio no dia seguinte ou, até mesmo, algo mais sério no futuro.

O mais interessante, contudo, penso eu, acontece quando deixamos de ser quem toma as decisões. As coisas simplesmente acontecem e vão se sucedendo sem que possamos fazer absolutamente nada. De um “olá”, passamos para uma conversa mais demorada, depois para um café num final de tarde e, sem percebermos, já estamos torcendo para que o dia seguinte chegue logo. O tempo, a partir daí, passa a ser um inimigo que retarda seu ritmo só para ver nossa ansiedade. E ele sabe ser cruel. É nesses momentos que as escolhas passam a ser feitas por um “eu interior”, movido por razões que desconhecemos, mas que ele julga serem justas. E talvez sejam mesmo. Nesse caso, não adianta querer racionalizar os fatos, pois eles estão em outra esfera. Essas decisões rebeldes do nosso “outro eu” pode até dar um certo medo – e de fato dá –, mas loucura maior seria reprimi-las. Afinal, correr o risco de ser feliz sempre vale a pena.

Everton Falcão
Enviado por Everton Falcão em 30/08/2008
Código do texto: T1153982
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