De Pedra.

Sou distraída, ando nas nuvens, perco coisas e até me perco algumas vezes. Mas agora a coisa anda feia. A semana passada entrei na garagem do outro prédio. É certo que morei lá nove anos e me mudei há um mês. É certo também que o novo endereço é na mesma rua, mas foi assustador. Todos os dias ao vir para casa eu ensaiava entrar à esquerda o que me levaria ao edifício antigo, porém lembrava na hora e tomava meu rumo. Na sexta-feira passada, não foi assim. Acordei na rampa da garagem. Digo acordei, pois devia estar sonhando e nem lembro mais com o quê. De repente o susto e uma vergonha que me fez ficar vermelha na hora. “Meu Deus, vão achar que estou louca", pensei dando ré. Ainda buzinei para quem estava na guarita, tentando disfarçar. Nem me viram. Mas eu mesma trato de espalhar. Hoje entretida com outros pensamentos entrei aqui no Recanto e postei um poeminha sobre a timidez, um dos meus pontos fracos que já melhorou bastante, mas que retorna vez ou outra. Retornando ao PC agora a noite, fiquei surpreendida com o número de pessoas que tinham lido aqueles versos despretensiosos e confessionais. Prestando atenção ( tem horas que faço isso) vi que o tinha postado como crônica. Claro que me deu aquela sensação de queimação nas faces que os tímidos conhecem bem. E logo com um textinho intitulada A Mulher Tímida. Santa ironia, Batman!
Tomara que essa fase passe logo e passará, pois me reconheço nela. Já vivi outros períodos assim. Portanto , não é Alzheimer.
Àqueles que foram lá buscando uma coisa e encontraram outra, peço desculpas e confesso: além de tímida, essa mulher está “ doida de pedra".
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 02/09/2008
Reeditado em 04/09/2008
Código do texto: T1158883
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