Esportes exóticos...!

Ainda sobre os jogos olímpicos de Pequim: ouvi e vi, na televisão, uma reportagem nos dias Olímpicos que diziam da vultosa quantia gasta pela China na preparação de seus atletas. Eles queriam ganhar o titulo de maior potência olímpica e para isso investiram pesado.

Os valores citados diziam que cada medalha a ser conquistada pela China teria um custo de 10 milhões de dólares. Se considerarmos que eles conquistaram 100 medalhas, contando ouro, prata e bronze, o investimento na preparação de seus atletas foi de cerca de 1 bilhão de dólares, que daria mais ou menos 1,6 bilhões de reais. Uma montanha de dinheiro, a primeira vista! Se pensarmos que eles foram os anfitriões, que teriam que mostrar serviço e aproveitar a chance de crescer como potencia esportiva, e que estão em franco crescimento econômico, até diria que os valores são normais.

O Brasil gastou, segundo algumas reportagens passadas na televisão, cerca de 1,2 bilhões de reais com a preparação de seus atletas. Esses recursos vieram de renuncia fiscal, do governo, de patrocínios de empresas estatais, do governo, e repasses normais, do governo, às federações e verbas publicitárias de empresas privadas.

Essa conta significa um investimento da bagatela de 80 milhões de reais por cada uma das 15 medalhas conquistadas por nossos atletas!

Ora, porque voltei a este assunto, já ultrapassado? Esperei ler algum comentário sobre isso, mas não encontrei muita coisa. Assisti dia destes, num talk show famoso, uma jornalista, também famosa, dizer que não perdia tempo lendo nada que não fosse escrito por jornalista profissional. Na ótica da jornalista famosa, não mereço crédito e nem vale a pena ler o que escrevo, mas vou escrevendo assim mesmo, por esporte! Procurei entre eles algo sobre esse assunto e não encontrei.

A grande maioria dos atletas entrevistados, quer antes ou depois dos jogos, uns para justificarem as derrotas e outros para valorizar seus esforços pessoais, dizem que no Brasil não se investe em esporte. Parece que alguma coisa está errada nessa questão.

Se as verbas citadas nas reportagens são verdadeiras, onde foram parar? Se o dinheiro não está sendo gasto com a preparação de nossos atletas, está sendo gasto onde? E por quem? Para quem mesmo? Pois diante de tanto dinheiro não me passa pela cabeça que o problema seja, de fato, falta de investimento.

Mas, não há como não pensar no que pode estar ocorrendo com os recursos destinados, por várias formas, à preparação de nossos atletas. Será que, com tantas siglas desportivas que temos, os recursos não estão parando em endereço errado? Será que não estão enviando muito dinheiro para os esportes exóticos? Alguém sabe dizer quanto de recurso foi destinado ao futeboate? Seria demais perguntar quanto foi para o halterocoolismo? Ou, quem sabe quanto foi usado no basket-zona? Com certeza, deve ter sido enviado recursos para o notação (de champanhe francesa, lógico). Estava esquecendo do atleturis, que não pode ter ficado atrás e recebeu seus milhões também.

Muita gente está praticando esses esportes exóticos, mas nenhum deles trouxe medalhas para o Brasil. Sugiro que se faça um plebiscito para decidir se queremos continuar com esses esportes exóticos, ou se queremos continuar com os esportes olímpicos verdadeiros e gastar dinheiro neles, em preparação, instalações, equipamentos, pessoal técnico de apoio e muito treinamento para os nossos verdadeiros aspirantes a campeões, se não for no campo de jogo, pelo menos o serão na vida!

Analisando os números acima referidos, tem-se a impressão que nós não somos tão pobres como queremos parecer diante do mundo, com pires na mão em busca de esmolas internacionais. Chego até pensar que, se não somos o primo pobre, somos o primo rico...?

João Carlos da Silva
Enviado por João Carlos da Silva em 03/09/2008
Reeditado em 10/12/2008
Código do texto: T1160440
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