Distância
 
 
Quase todos os poetas, escritores,  tratam a distância como algo positivo, que provoca saudade e aumenta o amor.
Essa pode ser uma visão especialmente otimista sobre o tema.
Levanto outros questionamentos.
Penso que a distância curta atiça o amor.
Mas a longa o mata.
Por que amor também morre, se não for cuidado.
É como uma plantinha, se não for adubada, regada, não resiste ao intervalo de adubação e água.
Morre de sede e falta de cuidados.
Com o amor à distância a vida fica morna, o sorriso frio, o abraço frouxo.
A cumplicidade diária, a vivência dos problemas e alegrias comuns não acontece.
E o amor fica solitário.
Torna-se lembrança.
Ninguém suporta viver apenas de lembrança!
É preciso criar novas lembranças.
Ocorre que apenas lembrar, cansa, desmotiva, faz sofrer.
Então deixa-se de lembrar, inevitável.
O que não mais é lembrado não se faz necessário.
Deixa-se de praticar o amor nos detalhes e nas pequenas gentilezas.
A distância afasta pessoas .
Por que amar à distância exige mais, muito mais.
Exige sensibilidade, presença (qualquer que seja), empatia.
Não penso que a distância une ou aumenta o amor.
Não é verdade.
O que aumenta o amor é olho no olho, é bom dia, boa noite.
Amor é construção.
A distância separa, física e emocionalmente.
Provoca dor.
E  obriga a esquecer
Para não mais sofrer.