O AMIGO DO REI

Eu precisava regularizar a situação do meu carro,que é de direito propriedade do meu flho Robson.Na sexta feira,5 de setembro, eu fui lá no DETRAN ,agendado que estava.Meus queridos leitores,tem uma mulher lá acho que com a sublime missão de sacanear o FDP do contribuinte que quer resolver alguma coisa de DETRAN.Acho que antes de entrar para a repartição ela fez estágio na VIVO.Como a sacana sacaneia.

Entramos eu e a Sandra.Eu com uma camiseta sem manga-tipo machão.Eu sempre soube que no DETRAN ninguém resolve nada na primeira ida,tem sempre que retornar 2,3,4 vezes.Mas,como disse, de camiseta sem mangas e um óculos escuro eu imaginei que não conseguindo sensibilizar com documentos sensibilizaria com a minha plástica e os meus dotes físicos.Eu tinha certeza de que se não sacudisse o coração da encrenqueira atendente pelo menos daria ,digamos, uma discreta alteração no libido(dela).Entreguei todos os documentos possíveis,da certidão de nascimento a certidão da primeira Comunhão e até um atestado de vacina contra a rubéola.A mulher olhou firme para o meu rosto,para a minha caixa abdominal e foi conferir a documentação.Viu e reviu umas 10 vezes,ela tinha que encontrar uma pendência para mandar que eu retornasse. E não deu outra,disse que faltava uma assinatura do proprietário do carro.Sugeriu que eu voltasse na segunda( segunda vez e segunda feira).

Segunda feira,6 da manhã acordamos ainda envolvidos nas emoções e no espírito patriótico da véspera,7 de setembro,dia da independência do Brasil.Bem,levamos a Betha para a escola,e as 8 e 30 lá estávamos no glorioso DETRAN.Chuviscava frio,mas lá estávamos.Entrei tranqüilamente no pátio do DETRAN.Olha a diferença,na sexta um homem que estava na porta não havia deixado entrar.Entramos e estacionei bem pertinho da porta da esperança.Sugeri que a Sandra entregasse os documentos e eu fiquei no carro.No pátio tinha uns dez carros,e de repente percebi que um vistoriador magricela,esparramado numa cadente cadeira me olhava com cara de reprovação.Aí ele chamou um “coleguinha”, depois um outro mas ninguém falava nada.Por fim chamou um que eles julgaram ser mais marrento.Ele veio caminhando na direção do meu carro e eu imaginei logo que ia dar merda,era o estresse matinal.Ele abaixou a cabeça e falou comigo:

-Bom dia cidadão...o senhor não pode parar o caro aqui dentro,só quando estiver com o protocolo da vistoria.

Olhei para ele e disse:

-Primeiramente eu sei que foi aquele magricela que mandou você vir aqui.Segundo,eu imaginei que podia porque o cara que estava na porta sexta feira impedindo a entrada hoje está ali cochilando.E mais,eu quero ver se a essa hora da manhã todos esses carros aqui estão com protocolos.Pode chamar quem você quiser que eu não saio.E tem mais,vou fotografar todos os carros para acabar com essas proteções.Meu amigo,se existe coisa que detesto é privilégio e “panelinhas”.

Aí peguei o meu celular e quando ia descer do carro ele disse que o “porteiro” não estava na porta por causa da chuva fria e que ele estava até com febre e estava descansando na cadeira,esperando o diretor para ser dispensado..Mas disse que quebraria o meu galho e o carro ficaria lá até que a minha esposa saísse.Mas como eu não sou artista e não queria ser o alvo das atenções como estava sendo, eu resolvi tirar o carro.Antes falei para o que veio falar comigo que eu estava tirando o meu carro para validar as providências que eu iria tomar o meu carro lá fora caracterizava a proteção aos amiguinhos,a maldita “panelinha”.E disse ainda que o porteiro estava com cara de quem tomou todas no final de semana.Garanti que ele não tinha virose alguma,era só uma ressaca.E esse tema eu conheço.

Pois bem,eu tirei o carro e estacionei na rua .Enquanto isso a Sandra estava lá fila.É igual a médico e dentista com hora marcada.Você agenda,chega meia hora antes e é atendido 3 horas depois.

Bem,ia eu caminhando ao encontro da Sandra quando bateram levemente no meu ombro.Olhei para trás e reconheci a pessoa ,era irmão de um amigo.Ele falou:

-Grande Enorê está perdido por aqui?

Eu já ia desabafar o meu problema quando ele completou:

-Você não sabe que eu sou o diretor aqui?Onde está a sua papelada?

-Está com a minha mulher lá na fila.

Ele viu a Sandra na fila,pediu todos os documentos e nos chamou para a sala dele onde tomamos um cafezinho até tudo ser resolvido.Mas antes foi bem conclusivo:

-Pega o seu carro e estaciona aqui dentro,o pátio é de uso exclusivo dos nossos amigos e você é meu amigo.

Fui lá na rua peguei o possante e ,sob olhares de invejosos,estacionei bem em frente a sala do diretor.Meia hora depois saímos de lá com tudo resolvido.

Hoje,ainda segunda feira,as 17:30 horas eu fico matutando aqui com o meu computador:

Nada melhor na vida do que ter boas amizades e um tratamento diferenciado.Só é contra os privilégios quem está fora da panelinha,o que não é meu caso,Graças a Deus.

Enorê Rodrigues
Enviado por Enorê Rodrigues em 10/09/2008
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