Um olhar amante

Os olhos dele sorriam sempre. E vinham tão doces tão serenos que ela acreditava ser dona daquele carinho.

Eram doces mas também arredios quando ela em certos instan-

tes lhe cobrava coisas que ele dizia serem só fruto da imaginação.

Ai nessas horas o olhar dele se metamorfoseava e se camuflava como por encanto nas linhas da testa franzida.

Mas ela o amava. E tão somente queria a certeza de que aqueles olhos só para ela lampejavam ternura. Ou se eram tão meigos para algum outro sonho acordado que lhe estivesse afagando à lem-

brança.

E o mundo dela então tornava-se tal qual uma imensa e frondosa árvore que, como braços estendidos ofereciam ao céu dúvidas numa busca de sentido do que não adianta a razão.

E era grande seu amor, e nele não cabia razão.

E ela se perguntava se aqueles olhos escondidos na doçura se

atirariam num repente nos braços de outros olhos?

E eram doces os olhos dele--meigos muito meigos.

Mas ao mesmo tempo avessos às reprimendas, fagulhados na urgência cristalina de escapar da verdade.

E ela sempre perguntando se eram para ela, só para ela a-

quele olhar.

Mas observava e acabava se perdendo na dúvida.

Os olhos dele sempre ameigando-se e transfigurando-se em abraços. E ela adorava. Mas tinha dúvida se eram só dela de fato,

e dele de direito, ou...

Os olhos dele eram tão meigos.........

E ela se perguntava se ele sabia que era por ele que ela sorria.

ysabella
Enviado por ysabella em 10/09/2008
Reeditado em 11/09/2008
Código do texto: T1171632
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