A procura do meu melhor
Mais uma das crônicas que entraram para sua coleção de postais coloridos. O que é necessário pra que a gente cresça e amadureça? Quando eu era pequena eu tinha uma girafinha de plástico, que me foi dado de presente quando eu cheguei a casa. Ela sempre me acompanhava a todo canto, era como meu amuleto, minha defesa
Eu fui crescendo. Já na adolescência eu ainda olhava para ela de vez em quando, com carinho, mas não ligada a sua essência de amuleto da minha vida, da minha chegada. Momentos sem noção de vida alguma, correria e coisas de adolescente caseira, apenas fracionada em um curto espaço de tempo. Um ser que nunca se enxergou feminina, mas que na realidade é uma alma feminina. Uma vida com saudades, ela me lembrava.
Depois de 24 anos e um dia cansativo de trabalho e correria para a faculdade, fora outros tantos afeitos que me foram devotados hoje. Com o coração cheio de outras afins, me recordei dela, a girafinha de plástico: meu passado, minha historia. E resolvi perguntar pro meu pai, que tinha guardado, que com um sorriso no rosto e os olhos rasos de esperança me entregou a girafinha surrada, um pouco suja, mas inteira.
Um momento de nostalgia e ligação comigo mesma, um retorno a minha realidade. Com um carinho ele me entregou e olhando nos meus olhos, me falou: “- Ela estava espera de sua menina. A minha menininha!”. Me beijando a testa, meu pai me deixou sozinha na sala. O laço de afeto de restabeleceu novamente. O que sempre procurei estava em baixo do meu nariz e nunca dei o valor necessário: minha casa, meus pais, minha vida, meu reino.
Hoje foi o dia em que um objeto, uma simples girafinha, fez toda a diferença para a vida de alguém. Que sendo mulher ou menina, sabe que sua ordem foi restabelecida. A minha procura foi encontrada. O meu melhor, também. Os meus sonhos voltaram. E não depositarei minha fé num futuro incerto, mesmo de coração lacrado a felicidade está dentro de mim agora.
“se existe o caos, a dor, também existe a fé”
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