ELA É ASSIM...

Quem a vê de longe e pela primeira vez, imediatamente, a considera meio doidinha (essa foi minha primeira impressão). Todo o seu falar desenfreado, sem medir as palavras e a altura de sua voz, toda a sua presença notada a quilômetros de distância, toda a sua maneira de transformar, de um minuto para outro, pessoas quem nunca viu em amigos de longa data... Assim é ela, pelo menos aos meus olhos, ela me pareceu ser assim e que bom que ela é assim e nos cruzamos naquele dia.

Se você tirou a primeira habilitação agora, vai entender melhor o que vou dizer. Quando iniciamos o processo para obter a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), passamos por três ou quatro testes (isso vai depender se vai fazer para carro e moto ou para apenas um dos dois) e passar por testes é sempre uma “tortura” psicológica tremenda para a maioria das pessoas. Aquela espera interminável, os olhares aflitos de todos os candidatos a sua volta, que se juntam ao seu, o frio que nos congela o estômago, a inquietação que não nos permite ficar parados, o tremor que toma conta de todo nosso corpo e o causador de quase tudo: o medo de não passar.

Vou pular os angustiantes dias do psicotécnico, da legislação e do teste prático de carro e ir direto ao teste prático de moto para falar um pouquinho dela.

Já um pouco experiente e aliviada por ter passado no teste de carro alguns dias antes, segui para o DETRAN, não menos nervosa, para o tão esperado teste prático de moto. Ao chegar lá, nenhum um rosto conhecido, o que me deixou mais apavorada. Mais tarde ela chegou, mesmo a achando um pouco doida, de alguma maneira me senti mais tranqüila. Então ela começou a falar, falar, a rir e quando me dei por conta já estava tão mais calma e rindo também, que fazer o teste agora não me seria tão penoso.

Seguimos em fila indiana ao “matadouro”, todos com a mesma aflição e medo, o que nos tornou solidários uns para com os outros. Desejávamos boa sorte para quem ia, torcíamos silenciosamente para que tudo saísse perfeito, nos entristecíamos quando alguém não passava e nos alegrávamos e parabenizávamos quem recebia um sinal de positivo, um sinal de que estava apto.

Era a vez dela, tudo saiu perfeito e com tanta felicidade nos abraçou. Chegou minha vez, estava feliz por ela, pelos que já haviam passado e aflita com os que haviam reprovado, por temer desequilibrar na prancha também.

Assim segui para a hora da verdade, não tão nervosa como no último teste, pois ela estava ali com o seu falar desenfreado, sua presença marcante, sua maneira de transformar pessoas que nunca viu em amigos de longa data. Quando terminei o percurso e desci da moto mal consegui permanecer em pé, de tanto que minhas pernas tremiam e ainda havia a incerteza do resultado, mas o parabéns que recebi dela e o abraço, me fizeram sorrir e colocou fim naquela tortura.

Pois é, ela é assim e espero que continue sendo assim para sempre, mesmo que de longe a considerem meio doidinha...

Dany Ziroldo
Enviado por Dany Ziroldo em 18/09/2008
Reeditado em 09/01/2009
Código do texto: T1184404
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