LONGE TÃO PERTO.
ANA MARIA RIBAS.

Neste princípio de tarde,  quero elucidar a avaliação que algumas pessoas queridas fazem de mim. Tem-se dito que sou uma mulher que fala de Deus com uma paixão arrebatadora, que tem uma fé inabalável, que se gasta a serviço da obra de Deus e que quer fazer discípulos para Jesus aqui no Recanto.
 
 Fico comovida com essas afirmações mas algumas delas, infelizmente não correspondem à realidade. Sou apenas uma cristã normal. E o que é uma cristã normal? A meu ver é aquela que compreendendo a grandeza do Evangelho, propaga o Evangelho, por todos os meios possíveis, e principalmente com a própria vida. Como os meus textos falam da minha vida, dos sentimentos que coleciono, da maneira “sui generis” como vejo o mundo, então, logicamente, Deus tem que estar entranhado em tudo o que escrevo, porque Ele é parte integrante da minha vida.
 
Como gostaria de ter dentro de mim essa paixão incomum que me atribuem. Uma paixão arrebatadora sempre culmina com uma entrega incondicional: pensamentos, sentimentos, desejos, afetos, posses, tudo deve ser entregue nas mãos de Deus, quando esse Deus nos arrebata de paixão.
 
Vocês me crêem assim? Pois estou longe disso. Mas procuro estar mais perto. Todos os dias, eu procuro estar hoje mais apaixonada pelo meu Deus do que ontem, mas ao anoitecer, ainda me reconheço prostituída com aqueles, com  aquelas, e  com “aquilos” que não mereciam a minha paixão. Sou uma eterna devedora para com o imensurável amor de Deus,  esse sim apaixonante e arrebatador, a ponto de morrer por mim. Mas eu, eu sou apenas de uma “normalidade” que me incomoda.
 
Preocupa-me que me pensem grande. Porque ser dessa ínfima normalidade  é esse "grande "que, equivocadamente estão vendo em mim. É impossível não ser essa mínima que sou, quando se tem uma visão adequada da grande obra do Evangelho, na vida dos homens. Os que me vêm desse jeito ampliado,  precisam apenas conhecer melhor a Deus e a Jesus Cristo.
 
O conhecimento de Deus, normalmente começa sendo objetivo, e acontece em decorrência de uma vontade. Essa vontade vem pelo chamado. Esse chamado não é o seu nome pronunciado por Deus, pelos anjos, ou pelos homens, mas por um vazio interior que berra e que exige resposta. Quando bate o vazio, é o chamado. Tem gente que não espera pelo vazio e vem antes. Mas os que esperam pelo vazio são preenchidos de maneira mais satisfatória.
 
Depois, vem o conhecimento experimental, subjetivo. Pois se Jesus começa a se meter na sua vida, e chega uma hora em que você não sabe mais aonde Jesus termina, e aonde você começa, isso não é uma forma de paixão, mas de co-habitação. 

Habitamos juntos, escrevemos juntos, sofremos juntos, nos alegramos juntos. Contudo, bom seria que essa fosse a realidade experimentada por mim, todos os dias. Não é. Há dias em que sei exatamente aonde eu começo: eu começo quando sou egoísta, exigente, sem afeição natural, sem amor. Aonde eu termino só  pela graça de Deus! Nessas horas, não posso merecer a avaliação que tem sido feita de mim. Só posso merecer a  misericórdia de Deus.
 
Mas não quero falar de mim, quero falar de você. De você que pensa de mim mais do que convém, porque lhe falta o conhecimento experimental da pessoa de Jesus.
 
-Em conhecendo o que Ele é – o Verbo que era Deus;
- o que Ele deixou de ser  – sendo Deus fez-se homem, e o mais desprezado de todos os homens;
- para nos resgatar- veio a esse mundo para realizar por nós redenção eterna;
- a morte não pode retê-lo – provando que o seu sacrifício foi aceito por Deus como propiciação pelos nossos pecados;
- desceu do céu como unigênito de Deus – e agora é o primogênito, garantindo que Deus nos tem hoje como seus muitos filhos; 
-estendeu para nós todas as bênçãos espirituais, nas regiões celestiais em Cristo- tudo o que é dEle é nosso também, porque temos a posição de filhos;
- foi entronizado à direita do Pai – mas nos enviou o Espírito processado por sua humanidade, morte, e ressurreição -o qual torna realidade para nós todas as coisas espirituais - afim de que não ficássemos órfãos;
- Por esse Espírito Ele habita em nós e nós habitamos nEle, havendo uma mútua habitação.
 - Criou uma nova raça - na cruz ele deu um fim em Adão, para fazer surgir o novo homem - em Cristo:

PELO QUAL NÃO HÁ MAIS GREGO, NEM JUDEU, CIRCUNCISÃO E INCIRCUNSIÇÃO, BÁBARO, CITA, SERVO, ESCRAVO, LIVRE; PORÉM, CRISTO É TUDO EM TODOS." COLOSSENSES 3:11. 

Esta é a essência do Evangelho: Deus se fez homem, para que nós, nos façamos Deus, porém sem a divindade. A divindade é só dele, mas a natureza de Deus, vive em nós porque somos filhos seus. Deus é o único que tem a vida inerente em si mesmo e essa qualidade de ter vida em si mesmo, foi-nos concedida como parte das bênçãos espirituais, nas regiões celestiais.
 
 O processo já começou: ao vir ao mundo, Jesus introduziu a divindade dentro da humanidade; ao ressuscitar, e nos dispensar a sua vida, Jesus levou a parte humana de Maria para dentro da divindade. Assim hoje: há um homem na glória. E no futuro: haverão muitos homens na glória.
 
Isso não é grande? Isso não é diferente do pequeno Cristo que alguns tem pregado por aí? Pois tal é o mais puro Evangelho de Deus para os homens. 

O Evangelho é: Cristo, como o Espírito, sendo trabalhado para dentro de cada um de nós, dia após dia, até que sejamos conformados à imagem do Filho Primogênito de Deus. Nesse dia, haverá também a redenção do corpo e tal qual Ele é seremos nós.
 
Espero ter contribuido para evangelizar adequadamente algumas vidas. Que hoje não estou sendo escritora, estou sendo ensinadora.  Uma ensinadora que, neste momento, está orando por você.
 
 Deus abençoe a cada um com Espírito de sabedoria e revelação. Amém!