AS APARÊNCIAS ENGANAM...

MEUS DILETOS ESTA CRÔNICA ESCREVI EM 1988,DATA EM QUE SE DEU O OCORRIDO.ESPERO QUE SE DIVIRTAM COM ELA.

Sei que esta é uma frase bastante conhecida, mas para mim tornou-se um lamentável engano,explicarei a voçes por que.

Passava eu às férias numa fazenda nas proximidades de ribeirâo,cidadezinha interiorana,aqui de Pernambuco, muito bonita uma vasta plantaçao e algumas cabeças de gado.

Bem, até aí essa paisagem parece familiar a muitas outras, corriqueira diga-se de passagem, porém os ares começaram a mudar, quando eu ingenuamente fiz o que nunca deveria ter feito, abri a boca,e aí começou o meu desengano.

Cheguei perto de um moleque, desses capeta por natureza, e ainda mais cria da casa e perguntei: ôh! menino,será que por aí não tem um cavalo ,que dê prá gente montar ? _me respondeu num só folego, e ardendo de entusiasmo:-se a senhora quiser montar num pangaré, é o único que ficou por aqui, o resto os homens levaram tudo prá trabalhar na roça:como eu estava doidinha para esticar as canelas, respondi de imediato:-Anda menino!corre e vai buscar o bicho que eu tô ardendo de vontade de dar uma boa galopada por esse mato verde.E assim foi feito, ele trouxe num piscar de olhos o tal pangaré,meus queridos, quando eu olhei para o bicho tive um acesso de riso como aqueles que agente tem, quando é apanhado de surpresa com uma pena nos pés:para eliminar a curiosidade de voçes vou fazer uma rápida descriçao:o tal media um metro e meio mais ou menos,acho até que menos, magro que se podia vê o espinhaço ,parecia com um retirante da sêca de cinquenta,e acima de tudo aparentando no chute uns nove para dez anos, de tal maneira que lhe faltavam já alguns dentes e uma mecha de cabelo aqui e ali,é podem rir! mas não chorem deixem as lágrimas para o final, pois eu sei que não vão faltar.

Bem, disse o moleque, já um pouco chateado com as minhas risadas_Sei que a senhora não foi muito com a cara do pangaré, mais ele é um bom cavalo,ligeirinho , ligeirinho!-Retruquei, é garôto vamos vê se ele aguenta comigo._Mas a senhora não vai sequer botar a sela e os arreios, assim a dona não vai aguentar o galope._Ora menino disse eu num num tom irônico,basta que voçê me dê uma cordinha daquelas que servem para entreter as meninas,pois com esse aí eu só preciso de boa sorte para ele sair do lugar, deixa ele comigo e vai cuidar do teu serviço.Quiz ainda me alertar o moleque com essas palavras:-Dona tenha cuidado "as aparências enganam"! _Acho melhor a senhora seguir o meu conselho e pôr os apetrechos do bicho direitinho!.-Não se preoculpe(disse eu ,pode deixar que nesse aí monto até de olhos fechados),_a dona é quem manda!me respondeu de saída o meu conselheiro.Toda prosa, e com o ar de amazonas(embora sem chegar nem por perto),e sem fazer nenhum esforço ,coloquei a perna no animal e tangi com uma palmada no trazeiro:meus caros, aí é que começa o meu padecer, o bicho com o contato de minha pele e o tapa que levou ficou todo ouriçado e deu um relincho parecido com as sirenes das antigas e incomodas ambulâncias do ex INPS,e ainda mais, partiu numa disparada de mato a dentro, sem que eu conseguisse controla-lo, e assim num ar de Maria arrependida, comecei a puxar a raquitica cordinha, que de tanto puxar a mesma não suportando mais partiu-se e eu sem outra alternativa, me segurei no lombo do bicho e comecei a rezar todas as orações que sabia.Agora sei porque dizem que para cavalo velho o remedio é capim novo,pois quanto mais eu me atracava com o bicho com mêdo de cair, mais asanhado esse ficava e dava pulos que nem uma guariba, em plena folia . Ah! riam, podem rir, preparem os lenços para chorar de tanto rir!,agora que estou a finalizar este lamentável episódio. Depois de correr um quilômetro ou mais(eu que não pensava que ia sair do lugar),que por sinal ,fiquei conhecendo a todos a partir daí ,não por nomes mas por espetadas,o pangaré resolveu saltar uma ribanceira , e eu perdendo completamente o controle ,cai de chofre nuns pezinhos de cactos silvestres que havia no local, acabando de concretizar o meu padecimento.Depois de mais de uma hora ,consegui chegar a tal fazenda , que escadeirada e com o bum bum encravejado de espinhos , um desejo enorme me envadia a alma, o de não ter nascido, e mais ainda , à vontade ferrea de acreditar em qualquer meiaduzia de palavras que tivesse o tom de uma advertência.

Quando cheguei à porta da casa, fui recebida com os olhos arregalados do moleque, que entre risos e espanto, me disse num voz melodiosa:-Bem que eu falei prá senhora me ouvir mais a dona não quiz!...

É , meus presados, assim termina a minha historia, um fato deveras compatível com o seu título, porém lamentavelmente sentido por essa crônista que vos fala , e que esta , a voçes, sirva de lição, alertando-os mais no que diz respeito a trocar-se por miudos ,os tão sábios e bem empregados ditos populares.

TCHAU!

TRIMENA
Enviado por TRIMENA em 19/09/2008
Código do texto: T1186541