AMANTE DAS LETRAS

Desde menina me descobri amante das letras. Escrever pra mim é tão bom quanto fazer sexo, malhar, viajar, conhecer pessoas, trabalhar. É sim, adoro trabalhar, ser útil, contribuir com minha pequena parte para um mundo melhor. Mas uma folga de vez em quando também não faz mal, voltamos revigoradas ao serviço.

Bem, mas voltando ao tema, além de estudos acadêmicos, cursos, seminários, onde tem letras estou no meio. Se me convidam, ótimo, se não dou um jeito do convite acontecer. Já participei de um grupo de estudos sobre Freud, aquele, o louco, que via sexo em tudo. Bom, mas o homem foi e é uma autoridade na psicanálise. Eu simples pensante e intrometida escrevente. Mas afinal a vida gira em torno do sexo: nascemos de, nos interessamos por alguém por... e por aí vai. O fato é que atualmente em minha cidade, Mossoró/RN, terra em constante desenvolvimento e linda de viver, foi criado, recente, pelos professores da UERN (Universidade Estadual do RN) um Grupo de Estudos do Pensamento Complexo, com encontros mensais maravilhosos, em uma livraria. Tem espaço melhor pra isso?

Nestes encontros um Professor mestre ou doutor expõe sua tese em cima de um escritor literário que este estudou profundamente. Já nos encontramos com Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, entre outros. E confesso, encontros melhores que esses só com o seu bem querer.

Foi meu primeiro contato com a Clarice Lispector, já tinha manuseado livros dela, mas nunca me despertou o interesse. Mas após o bate papo do Professor Dr. Ailton Siqueira, do Departamento de Ciências Sociais, idealizador deste projeto, me encantei com esta escritora e passei a ler seus livros constantemente. E, resultado, apaixonei-me ardentemente por esta figura ímpar na literatura brasileira. O mais impressionante é que quanto mais a leio, mas me vejo passeando em seus textos. Intrometida, eu! Uma das coisas que mais admiro é o fato dela se achar capaz de fazer tudo, se quisesse. Enquanto que para os outros isto ou aquilo era pecado, censurado, na cabeça da Clarice, ela podia. E foi vista como má, por seus tios que a criaram por um tempo, por isso. Até mesmo ela se sentia assim, quando criança e certamente na idade adulta tinha resquícios deste pensar. E eu também já me senti assim. Mas felizmente hoje sei é que sempre fui feliz por me negar a aceitar verdades prontas, cristalizadas. Mas tudo na vida tem um preço e o preço que pagamos por acreditarmos em nós é alto. Mas pago pra ver. Tenho um pensamento livre, porém não irresponsável. Então se algo me faz bem e não vou prejudicar ninguém porque me negar à satisfação dos meus desejos. E o que é a vida? Satisfação de desejos. Se você se nega vem as frustrações, as lamúrias e você se torna ranzinza. Isto eu não quero ser.

Acredito que quando Deus sopra em nosso ouvido enviando-nos a Terra ele diz: vá, descubra sua missão e seja feliz. Melhor não contrariá-lo. Aqui estou e enquanto me for permitida esta estada continuarei acreditando a felicidade ser possível e sou, mesmo que como a Clarice escreveu em seu livro Perto do Coração Selvagem, “não se pode pensar impunemente, e Joana – seu pseudônimo - pensava sem medo e sem castigos. Teria a loucura como fim ou o quê? Não podia adivinhar. Talvez sofrimento apenas”... e como não há aprendizagem sem sofrimento, que seja um sofrer pensante.

O mundo precisa de pessoas pensantes e capazes de levar seus projetos adiante, assim como fez o profº. Ailton Siqueira, a quem eu aprendi a gostar desde o nosso primeiro encontro. Para ele e todos os outros mestres que acreditaram em sua idéia genial os nossos agradecimentos.

Fátima Feitosa
Enviado por Fátima Feitosa em 22/09/2008
Reeditado em 22/09/2008
Código do texto: T1190449
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