É curiosa e paradoxal essa nossa Legislação, fazendo-nos pensar que, com
a idade, se dá o desgaste e a deficiência do indivíduo, diminuindo as 
aptidões necessárias para o rendimento satisfatório do trabalho.

 Se isto é assim, por que se despede um porteiro, um ascensorista, um secre-
tário ou outro funcionário de uma empresa, e não se faz o mesmo com um  chefe?.

Por que se supõe que aos 65 anos, um homem não pode ser professor, mas   pode
ser Ministro da Educação?.  Não pode ser chefe de seção, mas pode ser Chefe da Nação?.  Se você ocupa um posto medíocre, jubilam-no uma determinada idade, mas se você é bispo, deputado, banqueiro, ou outra coisa de prestígio, estará a salvo, mesmo que sua mente deixe de ser normal, e se torne esclerosada e retrógada.

 É um contra-senso. Que seja substituida o critério idade pelo de capacidade e rendimento.  É injusto na maioria dos casos pressupor-se deficiência de rendimento no trabalho baseando-se na idade.
 Se felicidade é definida como bem estar, tarda a felicidade  que devemos àqueles que envelhecem.

 Os estudos de geriatria e  gerontologia afirmam que pessoas acima dos 60 anos
podem tornarem-se centenárias.  De acordo como essas pessoas encararam esses seus períodos de vida, a inatividade vai tornar-se um castigo.

 Os idosos aptos, aproveitáveis, quando assim reconhecidos poderão contribuir
para o benefício dos idosos inválidos e desprotegidos da sorte.
 Obedecendo ao slogan "ajuda a teu irmão", teremos o idoso não carente, aliviando
os pesados ônus para a Previdência, e propiciando um equilibrio econômico-finan-
ceiro.

E o lar para aqueles que, financeiramente independentes desejam viver com seus
próprios recursos sem se sentirem obrigatóriamente um fardo para a família?.
Como psicóloga conheço alguns casos da dificuldade de ajustamento entre pais e 
filhos, que sendo de gerações diferentes dificilmente pode haver uma conciliação.

 E os "asilos?". Pensa-se em um lugar isolado, silencioso, cercado de árvores e um
belo lago com patinhos.  Na verdade o idoso precisa mais é de carinho, de convívio
com os seus.  Isola-los é castigo.  Que crime cometeram?
Viver além da conta?  ou será que é medo nosso de nos vermos nele amanhã.

 A criança é o homem de amanhã, muito a se esperar dela.
 O velho é moço de ontem, a quem muito devemos, e, que podemos muito dele ainda
esperar.

 E assim desajustados no lar e na sociedade, frustados nos seus anseios, enve-
lhecem precocemente e caminham para à doença e morte.
 São graves  esses problemas psicológicos todos os dias nos consultórios.

 Mas não só a idade é preconceito, hoje em dia as mulheres fora dos padrões estéticos sofrem com os empregadores  que chacinam um exército delas, mas a despeito da eficiência, competência e prática não são aceitas por não mais serem
bonitinhas e mocinhas... Meu Deus o que elas pretendem é trabalhar, não são ali
candidatas à faixa de Miss qualquer coisa.

 Deveriam nossos governantes ficarem mas preocupados em mudar essa medonha mentalidade.  Familias deveriam ser educadas para melhor tratarem seus idosos.
 Já ouvi no consultório perguntarem: "todos saimos para o trabalho e estudo.
Ninguem pode ficar com o velhinho"

 Esses que assim agem devem lembrar que caminham para lá.  E a amargura que
os idosos sentem está dentro deles, e eles a projetam para fora, nas coisas,
pessoas e situações.

 Muito triste isso.  Só Deus mesmo.  

 

ysabella
Enviado por ysabella em 25/09/2008
Reeditado em 26/09/2008
Código do texto: T1195856
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