O DONO DA PRAÇA

Há uns dez anos passados, mais ou menos, estava eu na Praça Costa Pereira, no centro de Vitória-ES, por volta das quinze horas, quando fiquei surprêso com uma cena muito forte: um velho aparentando seus sessenta anos, começou a discutir com um jovem engraxate, aparentando os seus vinte anos, pelo fato de o engraxate, não querer pagar a "licença" de uso da praça, uma espécie de caixinha ilícita, vê se pode! O fato, era que o velho comandava a área e, todos os engraxates, com exceção daquele jovem, pareciam comer na sua mão, ler na sua cartilha.

Após muita discussão do paga-não-paga, o velho e o jovem engraxate se atracaram e rolaram pelo chão da praça, com o homem senil, num gesto traiçoeiro usando de um estilete, desferindo um golpe do lado esquerdo do peito do jovem engraxate, fazendo com que o sangue jorasse abundantemente, abrindo entre as costelas do jovem, um ferimento largo e profundo. A cena do rapaz sendo socorrido e encaminhado para o hospital, bem como do velho saindo de mansinho como se nada tivesse acontecido, me dá a certeza de que existem muitas praças e muitas pessoas que se julgam donos das praças da vida, tentando impor as suas estúpidas e soberanas vontades aos outros em todos os lugares e a qualquer custo sem respeitarem a ninguém e, se as suas vontades forem contrariadas, irão se valer de um estilete, de um revólver ou de quaisquer meios lícitos ou não, para prevalecer as suas vontades, afinal eles se julgam, apesar de não serem, OS DONOS DAS PRAÇAS.

Antonio Alves
Enviado por Antonio Alves em 26/09/2008
Reeditado em 26/09/2008
Código do texto: T1197337
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