ANALFABETOS QUE DOMINAM O VERNÁCULO.

ANALFABETOS QUE DOMINAM O VERNÁCULO.

ANA MARIA RIBAS.

Não há dúvida de que qualquer texto tirado do contexto vira um pretexto. Sou contra os pretextos e mais contra ainda contra os pretextos que não produzem nenhum tipo de benefício à humanidade. A humanidade precisa de Deus. E o Deus que Jesus Cristo nos apresentou como seu Pai e nosso pai, propôs para nós, filiação e vida eterna. Vida eterna, com a mesma qualidade de vida que lhe é inerente. Se o mal entrou e Deus sabia que entraria, é outra questão. Uma questão que foi muito bem administrada, tendo em vista que, respeitando o nosso livre arbítrio, Ele nos permitiu a escolha. As Escrituras estão repletas de citações literais e não literais, de uma exortação plena e responsável ao livre arbítrio humano: “escolheis hoje a quem sirvais.”

O homem pode escolher a quem quer servir. Se há um ser no universo mais magnânimo e mais generoso do que o Cristo do Cristianismo, que se me apresentem e eu servirei a esse outro. Eu não conheço outro que tenha morrido por mim. Por isso sirvo a Ele.

Ah, mas esses tais também não acreditam que Cristo tenha morrido por mim ou por nós. Eles até acreditam que Cristo tenha morrido, mas não “por nós”. Afinal, um Cristo morto lhes é mais conveniente do que um Cristo vivo. Um Cristo vivo incomoda. Um Cristo vivo pede uma posição: Quer ou não quer? É ou não é? Pode ou não pode? Vai usar a moita ou vai desocupar a moita?

Se não há pecado, se não necessitamos de salvação, e se não há inferno, então também não precisamos de Cristo, nem vivo e nem morto. Morto até que pode: um cadáver se não for sepulto, fede. Então faríamos o sepultamento de Cristo e em 24 horas tudo se resolveria da forma como os vivos resolvem tudo para os mortos: com 7 palmos de terra.

Para que precisamos de um Salvador se somos tão bons, tão amáveis, tão puros? Olhemos o mundo à nossa volta: que maravilha! O mundo vai às mil maravilhas: pais matam filhos e filhos matam pais, mas o demônio existe apenas na imaginação dos crentes. Dos incautos. Mata-se por esporte, apenas porque... porque é um esporte, ora bolas!

Mas isso não significa, de maneira nenhuma, que haja uma força malígna operando no universo. Significa apenas que somos esses bons, que não necessitamos de salvação, que nunca pecamos, que jamais targiversamos. Somos os puros filhos da pura.

Não precisamos, pois, ser salvos de nada se o Inferno só existe na cabeça do Dante, nosso amiguinho Dante. Que imaginação dantesca teve esse Dante, filho da dona Danta. Mas Dante não sabia que o inferno não é para todos, é só para os que fazem questão. Para aqueles que pinçando um texto bíblico aqui, e outro ali, formam as suas convicções absurdas e as espalham com uma maquiagem rebocadinha, como aquela do palhaço Pururuca: boca vermelha e cara branquinha. Que de pururuca, deverá ser o grosso do fogo eterno.

Pois é. O inferno não é para todos. É só para aqueles que dominam o vernáculo, são analfabetos de Gênesis a Apocalipse e não querem dar-se ao trabalho de colar grau: um grauzinho de humildade.

Menos, minha gente, menos!