Tese interna
 
Minha realidade é o pesadelo dos meus sonhos
Daquilo que foi construído
Vivo a loucura do amor que não se completa
Indefesa, defendo-me como posso dos ataques da solidão que me corrói
Brinco, solitária, o jogo do amor
Sinto-me tola, pois sei que esse jogo apenas funciona a dois.
Tento reconhecer-me
Tantas vezes perdi o jogo!
Outras o encerrei sem que terminasse
Não consigo pensar na felicidade amanhã
Não dá mais, depois de tudo o que aprendi
Se o faço, sinto-me infeliz
Tenho ouvido capaz de ouvir as estrelas
Converso com a lua na minha sensibilidade
Valorizo a intensidade da vida, não o objetivo
Se os coloco sinto que está tudo pronto
E não há mais nada a sonhar
Algumas pessoas esqueci
Outras, não consegui entender
Algumas se eternizaram
Desconfio do meu destino...
A palavra “quase” é insuportável para mim
Li num poema do Veríssimo que quem quase vive já morreu
Sinto-me exatamente assim
Não posso permitir que a saudade e a descrença me sufoquem
Cartas marcadas, caminhos traçados
Repudio
Os caminhos já traçados são conhecidos
Outros já o visitaram
Prefiro fazer minha rota
Mudá-la, se for preciso
Comando meu barco
Quase sempre o deixo à deriva.
Quando sinto que arrisquei demais, assumo o comando da vela
Deixo que o amor, mesmo que de olhos vendados, entre na minha vida
E me absorva


(imagem google)