...só pode ser brincadeira!

Tem notícias que são publicadas nos meios de comunicações que a gente nem presta muita atenção. Pelo menos não dá a devida atenção e nem pensa muito sobre o tema.

Saiu na internet e em alguns jornais, dia destes, que pesquisadores já conseguiram dimensionar o valor comercial do Pantanal mato-grossense. Puxa! Que noticia! Nem me importa considerar o valor ali publicado, pois o que me chateou foi o fato. Com certeza, o Brasil estava mesmo precisando de uma pesquisa destas.

Adivinhei se pensei que tais pesquisas foram feitas com recursos oficiais ou de alguma entidade muito interessada.

Eu penso que qualquer coisa a que se atribua valor comercial pode ser vendida ou comprada por alguém. Então o Pantanal está sendo avaliado para futuras transações comerciais? Quem se habilita?

Que interesse pode ter dimensionar tudo o que há na natureza se ninguém é o dono? Se temos que preservar e viver harmonicamente com o nosso meio é por necessidade mesmo, pelo que não seríamos sem ela, quer pelos seus encantos quer pelos seus atributos de suprir necessidades essenciais de todos os seres vivos, inclusive o homem.

Daqui a pouco alguém vai querer vender créditos do Pantanal, com a desculpa deslavada de protegê-lo. Interessante a questão da proteção. Se ninguém agredir o meio ambiente, ninguém tem que gastar nada para protegê-lo. Então, creio que a questão está mal colocada: não se trata de proteger a natureza e sim de não desprezá-la! Tratá-la como nosso útero e liquido amniótico será muito melhor e de muito baixo custo. O custo que se atribui é exatamente pela agressão cometida e para reparar seus efeitos.

Não gosto desta capitalização massificante de tudo. Como se tudo pudesse ser comprado ou vendido. Aliás, hoje está muito normal uma empresa que produza aço especular com petróleo ou outro produto que não tem nada a ver com sua linha de produção; uma empresa que produza carnes especular no mercado financeiro, comprando e vendendo produtos bem distantes dos da sua linha de produtos. Estamos vendo as conseqüências no mundo inteiro: quebram e depois tem que entrar sempre o povo salvando suas economias, pois como grandes que são, essas empresas não podem quebrar, o povo pode. Engraçadas são as justificativas para tais socorros emergenciais. Até tu EUA!

Porque não nos contentamos em viver no meio ambiente, usufruindo suas concessões naturais e cuidando, sim, para que isso dure sempre. Será que o homem surgiu no mundo com escritura de posse de alguma coisa?

Então posso até pensar que ninguém é dono do Pantanal, nem da Amazônia, portanto, se pertence a todos nós, eu não comissionei ninguém a abrir negociação da minha parte!

João Carlos da Silva
Enviado por João Carlos da Silva em 01/10/2008
Reeditado em 10/12/2008
Código do texto: T1206750
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