FALE BONITO E NÃO DIGA NADA

Conheço pessoas que possuem uma qualidade nata na arte de falar bonito. E quando digo “falar bonito” não estou sendo irônico e nem sarcástico. É assim mesmo, o que elas falam é bonito, tem conteúdo e é de fácil entendimento. Uma verdadeira arte.

Considero a Língua Portuguesa uma das mais difíceis de ler, falar e, principalmente, escrever. Fazer as concordâncias corretamente exige muito estudo e empenho, além do que, o emprego das pontuações leva a muitas discussões e, quase sempre, a muitos erros. Leio escritores famosos e vejo como se confundem com o emprego do “este” e do “esse”, algo que acontece comigo também, porém hoje em menor escala depois que decidi dedicar algumas horas de estudo sobre essas palavrinhas traiçoeiras. E tem mais, muito mais. Porém, fiquemos por aqui.

O brasileiro é um dos povos que menos lê, sejam livros, revistas ou jornais. Prefere ficar sabendo o que acontece através das notícias preparadas, mastigadas e, muitas vezes, manipuladas pelos telejornais. Sendo assim, não desenvolve o saudável e necessário hábito de falar e escrever bem. E isso por quê? Simplesmente porque seu vocabulário é fraco e limitadíssimo. Daí advém o medo de falar em público, seja realizando uma palestra para uma grande platéia ou simplesmente dizendo poucas palavras durante a realização de uma reunião ou curso do qual participa.

Lembro-me de um sujeito norte-americano (se não me engano, Philip Broughton) que resolveu fazer um estudo sobre a forma de falar das pessoas, pois vinha observando que aqueles seus colegas que possuíam maior facilidade de expressão verbal eram os que atingiam mais rapidamente os postos elevados dentro das instituições.

Pesquisa vai, pesquisa vem, não custou muito a descobrir que uma grande e total asneira dita em palavras bonitas, raramente é retrucada – talvez pelo próprio vocabulário limitado de quem está ouvindo. Partiu então para a criação de uma tabela, de uso muito simples, e de onde qualquer um pode compor frases estilizadas e de “grande profundidade” como essa: “A causa do problema está na retroação transicional estabilizada”. Não há dúvida que impressiona os ouvintes e normalmente não será contraditada por não significar absolutamente nada.

Agora vamos ver a tabela abaixo. Seu uso é muito simples: deve-se sempre formar a frase associando uma palavra de cada coluna (sempre da esquerda para a direita), o que irá mostrar as três palavras que farão de você um “ser superior”. Por exemplo, pense numa centena qualquer (386, por exemplo), procure os números na tabela e terá como resultado a pomposa expressão: “Planificação Central Coordenada”. Uma dica: jamais tente explicar o significado dessas expressões. Vai cair num caminho sem volta e pagar um mico sem tamanho.

Com o tempo você estará tão habituado que poderá até dispensar a tabela e o seu conceito com os amigos e companheiros de trabalho subirá bastante.

0 - Programação 0 - Funcional 0 - Sistemática

1 - Estratégia 1 - Operacional 1 - Integrada

2 - Mobilidade 2 - Dimensional 2 - Equilibrada

3 - Planificação 3 - Transicional 3 - Totalizada

4 - Dinâmica 4 - Estrutural 4 - Insumida

5 - Flexibilidade 5 - Global 5 - Balanceada

6 - Implementação 6 - Direcional 6 - Coordenada

7 - Instrumentação 7 - Opcional 7 - Combinada

8 - Retroação 8 - Central 8 - Estabilizada

9 - Projeção 9 - Logística 9 - Paralela

Gostaria de escrever um pouco mais sobre o tema, mas o dever me chama. Preciso preparar uma palestra que irei ministrar em breve e para isso vou me basear na estratégia funcional combinada.

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Porto Alegre, 3 de outubro de 2008

Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 04/10/2008
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