Quando o silêncio cala!
Águida Hettwer
 
 
...O livro não conta histórias em suas páginas, a escrita divaga nos lábios em linhas tortas. O suor desce a face, misturando-se nas lágrimas. E a vida parece uma eterna nuvem cinza. Quando o silêncio torna-se a forma de comunicação. Tantos pensamentos povoam a mente, quando falta o diálogo e a interpretação dos sentimentos. Não nos damos o direito de ser ouvinte e ser ouvidos. Quando o silêncio é mais fácil de ser contornado do que as palavras que saem da boca. Tornando-se absoluto em nossas reivindicações ou até mesmo para chamar atenção alheia. Calamos-nos diante das situações. Muitas vezes sendo omissos e egoístas. Quando o silêncio é a bandeira hasteada, reina uma falsa paz anunciada. Respira-se odor do “nada”. E a vida passa diante dos olhos, num filme inacabado. E queremos ser interpretados, como se o outro tivesse uma “bola de cristal” que nos mostrasse o que queremos dizer. E quando isso não acontece, a frustração é grande, pois a outra pessoa, não “adivinhou” o que estamos pensando. Assim são as relações sem diálogo e sem cumplicidade. O ser humano não nasce com um manual de instrução e muito menos vem com acessórios para quando apresentar algum defeito de fabricação ou desgaste natural de uso possa manuseá-lo com chaves de fenda. Apertando botões e “está resolvido o problema”. Não é assim que funciona! Cada um tem seu modo de ser e suas sensibilidades. Basta que o gelo do silêncio seja quebrado. A comunicação ainda é o melhor remédio para sanar as dores.
 
 
06.10.2008