EXPERIMENTE UMA MULHER

Na eleição do ano 2000, em Bagé, uma candidata a prefeito lançou esta frase como jargão de sua campanha: - experimente uma mulher.

Uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul apontou que o primeiro critério para a escolha de um candidato é a honestidade do mesmo.

Num cenário preponderantemente masculino de corrupções de toda ordem, cresce a participação das mulheres no meio político. Parecem mais sérias que os homens. Com um pouco de cérebro, cabeças pensantes andam em falta no mercado (se for talentosa nem se fala), alguns dotes físicos sempre ajudam, pode semear em campo fértil.

A Cidinha era toda inha, educadinha, queridinha, bonitinha, o xodozinho da turma. Tinha até concluído uma faculdadezinha que a habilitava a trabalhar na área social, e era bem dedicadinha, sempre a cumprir o seu horariozinho.

Dizem também que era uma santinha-do-pau-oco.

Enxergava longe com seus olhinhos puxadinhos e vislumbrou nas eleições deste ano a possibilidade de ocupar uma cadeirinha no parlamento municipal. Candidatou-se.

Fez a sua campanha explorando sua delicadeza e assim meiguinha, com seu jeitinho, foi conquistando um aqui, outro ali, de tal forma envolvente que chegou aos últimos dias de campanha com muitos falando que poderia ser eleita.

Sempre atenta a tudo que a rodeava, ficou bem satisfeitinha quando recebeu do partido o materialzinho para distribuir nos dias que antecediam a eleição. Consistia de um lembrete, num papel bem simples e fácil de guardar, com o número do candidato a prefeito e do seu número de candidata a vereador.

Saiu pela cidade realizando os últimos ataques, oferecendo o material e questionando os eleitores:

- Queres a minha colinha?*

*cola ou lembrete: papel que se distribui com os números dos candidatos