OURO PRETO

Chove torrencialmente, e dentro de casa o frio faz tremer o corpo.

Tenho que sair, mas onde encontrar coragem? Se com o sol quente as pedras destas imensas e íngremes ladeiras são escorregadias, imagina chovendo?!

A cidade está sendo para mim deslumbrante, com suas inúmeras igrejas, museus, fontes e casarios onde muitos deles fazem parte, de alguma forma, da história do Brasil.

As montanhas que cercam a cidade têm imponência e beleza singular.

Nos museus encontrei pedaços da história do Brasil, desde a escravidão até a Inconfidência Mineira. Os guias que lá trabalham, estão sempre aptos a nos elucidar as mínimas dúvidas ou curiosidade.

O artesanato local é riquíssimo com os vários objetos criados na pedra-sabão, os trabalhos com pedras semi-preciosas e as jóias (deslumbrantes) feitas com pedras preciosas, prata ou ouro. Existem ainda ornamentações em ferro fundido e pintado que são belíssimos e nos deixam deslumbrados.

O trabalho na madeira também é muito bonito. Geralmente são esculpidos santos, anjos e os negros que trabalhavam no garimpo, com uma perfeição que nos tira o ar.

O povo, em geral, é afável e gosta de fazer amizade. Todos se cumprimentam, mesmo os desconhecidos, como eu.

Nas lojas, talvez pelo intenso fluxo de turistas, os atendentes estão sempre a nosso dispor na maior alegria, oferecendo ajuda e contando histórias.

Meu Deus, e há os doces!!! Estes estão me deixando desorientada. São tantos os tipos, e muitos deles feitos de forma artesanal, que por fazer parte da cultura local não podem ser industrializados. É impossível fazer uma escolha e não retornar outras vezes para experimentar novos sabores.

Há também os mais diversos licores fabricados artesanalmente. Se aqui vierem não deixem de provar o de pequi, jabuticaba, chocolate e limão, mas existem muitos outros sabores, e até mesmo sem sabor como é a cachaça mineira que é muito famosa.

E por último, há os estudantes. Estes fazem parte da vida de Ouro Preto, pois andam em grupos e existem Repúblicas em todos os cantos da cidade. O que chama mais atenção (eu acho meio triste) são os calouros que são obrigados a pagar “micos” andando pela cidade vestidos com caixa de papelão, ou portando cartazes, ou objetos amarrados ao pescoço, e ainda têm que fazer os trabalhos pesados dos lugares onde moram, segundo contou uma moradora local. E isto durante seis meses, caso contrário não serão aceitos nas Repúblicas.

Ouro Preto, vou partir, mas retornarei para acabar com esta saudade que já sinto. Estarás sempre gravada em minha mente e em meu coração.

Rosinha Barroso

07/10/2008