Como uma onça enjaulada

- Ai, amiga, vou menstruar esta semana e não estou me agüentando!

- Chocolate!

- Então, menina, que desastre isso. Na hora do almoço eu como aquele monte de folhinha, mas no resto do dia só sobrevivo à base de chocolate.

E a amiga:

- Chocolate, querida. Suco de chocolate. Sorvete de chocolate. Mingau de chocolate. Iogurte de chocolate. Pavê de chocolate. Chocolate... chocolate... chocolate. Não há outra saída. Depois que você menstruar, corrija a alimentação e beba muita água. Mas, por enquanto, amiga, chocolate.

Quem não sabe o que é TPM não tem a menor idéia do que significa o diálogo acima. Conhecida cientificamente como desordem disfórica pré-menstrual ou desordem neuropsicoendócrina, na verdade a Tensão Pré-Menstrual é a sensação que 75% das mulheres têm de que o mundo vai acabar antes da menstruação. Sabe-se, portanto, que destes 75%, apenas 8% possuem sintomas muito intensos. E eu não só me incluo nestes míseros 8%, como arrisco a dizer que todas as mulheres que conheço também se incluem.

A TPM aparece todo mês e tira todo mundo do sério. É uma melancolia que parece nunca mais ter fim. São poucos dias de uma depressão tão profunda, uma sensação de que a vida não faz mais sentido, que tudo em volta é ruim, que a morte está iminente. O pior é que tudo isso acontece com data marcada. A mulher que sofre de TPM, sabe quando é que vai passar por tudo de novo. É, no mínimo, torturante. E padece também quem está por perto: filhos, marido, namorado, irmãos, pai, mãe, amigos. E, claro, são os homens, em sua maioria, que não sabem o que fazer contra a TPM.

Creio que é justamente neste momento que eles fazem aquele conhecido desabafo: “Impossível entender as mulheres!” É verdade. Impossível entender, compreender, agradar uma mulher de TPM. Se é que existe um estado de espírito que podemos considerar normal, qualquer mulher nesta fase horrorosa fica em algum lugar bem longe da normalidade. Lembro de uma entrevista com a produtora e ex-Caetano Veloso, Paula Lavigne, em que ela confessa sua contrariedade com a TPM: “Me sinto como uma onça enjaulada”. Bingo!

Até então eu não havia encontrado uma comparação tão perfeita. Uma onça enjaulada, brava, raivosa, pronta para morder o primeiro que chegar perto. Posso arriscar que seja isso mesmo o que toda mulher sente, nos períodos de irritabilidade. Não, gente, não só de depressão se faz uma TPM; tem a irritação, também. Insônia, nervos à flor da pele, arrepios de tensão, respostas ríspidas na ponta da língua, voz alta, gritos, berros. E juntos a estes, há ainda os sintomas físicos, como as dores de cabeça, nas mamas, cólicas, inchaço, distensão do abdômen, alterações intestinais, aumento de peso e de apetite, dores musculares.. Ufa! Quem merece isso!?

Muitas histórias circulam na Internet, fazendo piada de mulheres – e homens – que costumam sofrer deste mal. E o pior é que muito do que se diz é a pura verdade. Há uma lista de significados para a sigla TPM, que se encaixam nas situações que nós, mulheres, passamos: “Tire a P... da Mão!”, “Tocou, Perguntou, Morreu”, “Temporada Proibida para Machos” e “Tendência Para Matar” são alguns dos melhores. Por outro lado, essa que vos fala e que passa pelos piores dias antes daqueles dias, sugere algumas dicas para homens desolados com a TPM: evite críticas ou discussões desnecessárias, não exija que ela tome decisões importantes, fique ao lado, em silêncio, se necessário e, claro, porque não fazer alguns agrados? Transforme aquela semana amarga numa semana do Tudo Pela Mãe ou Tudo Pela Mulher.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 07/10/2008
Código do texto: T1216105
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