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Roberta Hargreaves! Amiga querida, uma quase irmã! Esta é pra você  


QUANDO É TUDO DE BOM DIZER UM PALAVRÃO

 
De repente, Fernanda estava ali, sentada na mesa do seu chefe de trabalho sem conseguir falar. 

Não acreditava naquela cena, só podia estar sonhando.
Já não agüentava mais ouvir os desaforos daqueles clientes descontentes com as exigências da Junta Comercial onde trabalhava.
Ela não era culpada de nada. Jamais pensara em criar regras para coisa alguma. Mesmo assim, era obrigada a atender sorrindo aquelas pessoas ali, cujo humor quase sempre era agressivo.
No inicio, podia até suportar com um sorriso as cachoeiras de pachouchadas dirigidas a ela. Réplica à falta de educação, nem pensar.
Fernanda, naquele momento, estava exausta por causa de um danado de um cliente que fazia tudo errado e resolveu descontar nela as suas asneiras com uma fileira de xingamentos.
- Ai, que vontade de responder a esse desgraçado – pensou ela.
Mas aquele cara tinha um dicionário só de palavrão. Seus verbetes eram inacabáveis. Sabia todos de cor e salteado, inclusive os seus sinônimos e abreviações.
- Olha aqui moça, se essa coisa não estiver certa, você vai pra “PQP”. Eu li a “bosta” daquele manual e não sei se entendi. Quando você me explicou entendi tudo. Foi só ler aquela “merda” para eu me enroscar todo.
- Calma rapaz! Vou conferir com carinho todos os documentos para ver se estão certos. Se estiver faltando alguma coisinha pouca, eu converso com o meu chefe e vejo o que dá para fazer. Aproveita enquanto aguarda a conferência,  tome um cafezinho, beba uma água e veja se relaxa um pouquinho.
- Não to nervoso, mas um cafezinho até é uma boa. Agora avisa pro seu chefe, se esse negócio não estiver certo ou estiver faltando alguma coisa o negócio vai feder.
Fernanda virou as costas e bufando disse para si mesma em pensamento:
- Affe! Não agüento mais esse camarada.  Por que eu não tenho coragem de mandar ele para aquele lugar? Seria tão bom. Queria ver a cara dele pra mim. Não, nem é bom pensar nisso. Ele seria capaz de me dar um tapa na cara. Deus me livre! Xô pensamento!
A conferência foi feita e para variar nada estava certo. O camarada tinha feito “umas manobras” para enganar Fernanda, mas ela percebeu e foi até a mesa do chefe, sabendo da não aprovação daquela papelada.
Ao olhar para ela, o chefe percebeu a tensão desenhada no seu rosto.
- Fernanda, você está com algum problema?
- Problema, propriamente dito, não.  
- O que está acontecendo, no seu rosto está escrito “estou nervosa”.
Fernanda encheu os olhos de lágrimas e ficou travada.
- Fala Fernanda. Eu sou seu chefe, mas sou também seu amigo.
Entre lágrimas relatou ao chefe as inúmeras vezes que o dono daqueles documentos vinha lhe xingando com  incontáveis  palavrões. Inclusive, mandando para ele, o chefe, um monte de recados recheados de palavras que ela teria vergonha de repeti-las.
O chefe olhou bem nos olhos de Fernanda com se estivesse lendo os seus pensamentos.
- Fernanda! Olha para mim. Relaxa nessa cadeira.
- O homem está me esperando, lá embaixo.
- Relaxa. Você vai me responder quantas vezes, esse camarada esteve aqui?
- Três.
- Você explicou a ele o porquê da necessidade dos documentos e como ele deveria fazer?
- Claro! Eu gastei uma tarde inteira com ele e ainda entreguei-lhe o manual.
- Alguma coisa você errou. Esse cara tem razão de lhe xingar. E bem feito. Não fez a coisa na hora certa, mereceu!
Fernanda estatelou os olhos apavorada e as lágrimas emergiram mareando os seus olhos. Olhou para seu chefe e se achou injustiçada.  Pensou em como seu chefe era insensato. Ela havia feito tudo certo e agora ele a julgava uma incompetente.
- Fernanda! Olha pra mim. Vamos ter que dar uma boa resposta para justificar a sua falta. Você vai ensaiar a resposta comigo.
Engasgada e com vontade de matar o chefe, ela perguhntou-lhe secamente:
- O que eu digo a ele?
E olhando para ela seriamente ordenou-lhe:
- Você vá lá e diga a ele tudo que eu disser aqui, com todas as palavras e letras. Se você falhar ta na rua.
E continuou:  
- Meu rapaz, infelizmente eu falhei. Eu falhei desde a primeira vez. Os seus documentos continuam errados por culpa minha. Eu deveria ter sido mais clara com você, desde a primeira vez. O negócio é o seguinte: “FODEU” e se você não estiver satisfeito “ENFIA ISSO NO SEU C....!!!