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OLHAR FATAL

 

                Ontem eu tive um dia atípico. Passei a maior parte do tempo sonolenta, indisposta, sentindo-me febril. Pensei ser saudade. Afinal não é fácil ficar longe dos braços do homem amado. Mas era uma sensação estranha. Pensava nele e apesar de sentir alegria não conseguia sorrir. Tentei ler. Não consegui. Vim para o recanto, li, comentei, mas não melhorei. Continuei com a estranha sensação de não me pertencer. Fui dormir mais cedo.

                Hoje acordei e fui aguar minhas plantas. Quando vi a cena fiquei toda arrepiada. Elas estavam secas. As mesmas que antes estavam verdinhas e viçosas. As folhas no chão e os galhos murchos, como se tivessem sido queimadas. Essa é a terceira vez que acontece isso com minhas plantas.

                Fiquei assustada com o que vi e senti. Lembrei das palavras de meu esposo: “tem gente capaz de destruir qualquer coisa com o olhar”. Meu Deus! Isso é assustador. Vendo o estado de minhas plantas comecei a pensar se meu mal-estar também seria resultado do mesmo olhar e tentei lembrar quem andara aqui em casa no dia anterior. Ainda não consegui lembrar, mas confesso que estou impressionada.

               

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 12/10/2008
Reeditado em 14/12/2009
Código do texto: T1224166
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