A MUTAÇÃO DO HOMEM, ALMA DA VIDA

Nunca fui dado ao desperdício de tempo, procurei sempre em minha caminhada, pelos labirintos da vida conquistar o meu espaço na sociedade brasileira. Trabalhei e continuo trabalhando muito, estudei e estudo cada vez mais e não me lamento por isso, ao contrário, sinto-me recompensado por tudo o que fiz, assim como, ao muito que aprendi viajando no mundo dos livros, correndo atrás do conhecimento, do saber e do encantamento pela magia da transformação da vida nos homens.

Na busca pela transformação como pessoa humana, pude ver a minha imagem refletida na angustia do irmão, assim, pois, consegui enxergar no outro o desespero de suas dores ou as vibrações de suas alegrias, pude compreender que o amor não está ligado apenas à afetividade entre um homem e uma mulher, mas a todos os seres humanos desde o mais sábio até o menos aquinhoado e do lerdo ao obstinado. Consegui perceber que cada ser humano por mais simples que seja sempre tem algo para ensinar e muito para aprender. E como eu aprendi com a simplicidade dos outros, que por vezes, para mim era como se esses, ditos simples, fossem na realidade os grandes sábios, que se permitiam transbordar em amor, espalhando-o em todas as direções, a todos os seres viventes, esses sim, fizeram-me entender que a maior sabedoria está na simplicidade das coisas, na honestidade, na bondade, no carinho, na dedicação, no desvelo e no desprendimento à futilidade dos homens tolos.

Não é fácil a transformação da vida, quando se acredita que a busca para esta mudança estar nas doutrinas dos grandes mestres, dos Gurus da sabedoria, sem que necessário seja está preparado para receber esses ensinamentos. Faz-se indispensável estar aberto para a compreensão do outro, como se carente fosse entender a si mesmo. Deve ser humilde e obstinado em querer mudar e em receber o que lhe é passado, como sendo uma dádiva de Deus. Compreender em primeiro plano a sua fragilidade quanto ao conhecimento, questionar-se em todos os sentidos e aceitar o aprendizado como fonte de mudança, autodesenvolvimento e paz ao espírito em comunhão com os seus pares.

A sabedoria não ganha espaço, não dissemina experiência enquanto contida nas protuberâncias dos cérebros geniais, porém quando transpõe as barreiras psíquicas e é difundida em meios carentes da compreensão. Ganha o saber, o poder de transformação, quando esse campo está propício para o acolhimento da informação, gerando um aprendizado capaz de transformar o homem tolo, em homem sábio, o viver, em saber viver, o entender, em compreender a simplicidade da vida.

Nenhum homem nasce sabendo ou compreendendo seu próprio mundo, adquire conhecimentos, pois esse nasce pré-disposto a absorver todas as informações que os seus órgãos sensitivos possam alcançar. É preciso autodomínio, já que, no decorrer da vida, enquanto se busca essa transformação, sucumbe-se ao ponto mais baixo do fosso da existência e solitariamente, esse homem procura entender as interrogativas vivenciadas, as dúvidas advindas de seu próprio existir. Ao elucidá-las toma a decisão que supõe ser a mais correta, então, emerge das trevas e ressurgindo da luz que compõe a verdade existencial de cada ser humano, poderá ser identificado para o mundo, como sapiente e iluminado para a vida.

Porém a difícil tarefa dessa transformação faz com que muitos homens desistam de ser sábios e permaneçam esconsos na incerteza e na duvida. A cada dia que passa o homem desfila rumo ao abismo que ele mesmo criou. Eu me pergunto: – há como retroceder ao ponto de partida? E eu mesmo respondo: – não, não há como voltar ao passado. Há como tentar um novo começo, se o homem acreditar que pode e deve se transformar em guardião de si mesmo e de todas as espécies de vida na face da terra. Poderá sim, sem duvidas, modificar o já tão comprometido futuro do animal humano.

Pesa-me ver homens tolos governarem os homens sábios; explorando, humilhando, oprimindo, negando o saber, a terra, os direitos mais elementares a esses, tidos como tolos, sobre os auspícios das espertezas engendradas por medíocres homens, ditos sábios.

Rio, 11 de outubro de 2008

Feitosa dos Santos