Viagem de um homem só

Novamente na estrada, por caminhos desconhecidos em sua vida errante. Acostumara-se a um destino incerto e a ter que partir sem olhar para trás. A falta não o impedia de prosseguir, mas a cada viagem sentia o peso das suas renúncias. Ser livre era sua missão e, para isso, apegar-se era um risco constante, cada vez que descobria novos rostos e sensações familiares.

Quando sentia que seu coração ameaçava ter o controle de tudo, partia em busca de algo que nunca o aprisionasse. E bem sabia o quanto um coração pode encarcerar vidas em vidas sem rumos, sem destinos certos. Preferia a solidão desértica de seus medos a ter que dividí-los com quem o dominasse com uma aparente paz.

Partiu novamente, para um lugar mais seguro, longe do cotidiano, alheio a própria dor e à vontade de ficar, de acostumar-se com a paisagem, em ter um dia comum. Homem que segue só, com o peso de suas lembranças.

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 13/10/2008
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