Madeiro: filho adotivo

Madeiro: filho adotivo

Pode alguém dizer que é tudo Brasil, que o problema daqui é o mesmo de lá, mas nesta pequena cidade chamada Madeiro é sim bem diferente.

“Madeiro” é uma homenagem a família “Madeira”, retirantes que ali chegaram em busca de uma vida melhor e fundaram o lugarejo.

Próximo ao Rio Parnaíba, no Meio Norte Piauiense. Madeiro possui localização privilegiada. As árvores são de grande porte: mangueira, cajueiro, cedro, pau d’arco, carnaúbas e cocais.

Madeiro é uma cidade ao norte do Piauí, 230 kilômetros de Teresina (Capital do Piauí), com uma população de pouco mais de 7.000 habitantes (Sete mil habitantes).

O que pode e é diferente nesta cidade é a aceitação do povo por pessoas de outras cidades e a rejeição para com os moradores legítimos do lugar: A família madeira é o exemplo maior, hoje, pouco conhecida pela população local: a família vive em subúrbios da cidade numa pobreza inexplicável com a fundação.

Para se ter uma idéia, desde a emancipação do lugar, os governantes dali são de cidades vizinhas, os cargos sempre estiveram nas mãos de pessoas outras cidades.

Na educação, um professor trabalha por dois: por ele e por alguém das cidades vizinhas (Luzilândia, Matias Olímpio, Santa Quitéria).

É costumeiro ver pessoas das cidades vizinhas fazendo concurso para o Madeiro, depois que passam, essas pessoas vão trabalhar uma ou duas vezes e começam a faltar. As autoridades, sendo às vezes conterrâneas dos faltosos decidem que a melhor saída é o sacrifício de um madeirense e o descanso de um colega conterrâneo.

O prefeito é de uma outra cidade, alguns vereadores são de outras cidades. Um dos três maiores empresários é de outra cidade. O controlador das contas municipais é de outra cidade, quem tem o dinheiro mais descansado é de outra cidade, as secretarias municipais pertencem a alguém de outra cidade. Só o Parque Estrela, o bairro José Ferreira de Melo, a Manoel Florêncio, ruas periféricas da cidade, subúrbios do Madeiro têm madeirenses e são daquela cidade.

Madeiro segue um caminho histórico de aceitação por coisas vindas de fora. Países fizeram essa trajetória e quando se deram conta estavam sem seu ouro, prata, árvores, sem sua própria identidade.

Isaac Sabino Cardoso