Vidas roubadas

VIDAS ROUBADAS

Tonha: antoniazilma@hotmail.com

Estava tomando o café da manhã, quando ouvi pelo rádio o repórter indignado com o sofrimento de uma mãe que perdeu o seu filho por causas das drogas. O que mais me chocou foi quando ele relatou que a mãe ao saber que seu filho havia sido assassinado, falou:

“- Tanto que lutei para meu filho deixar o vício e não teve jeito. Ele foi roubado de mim!”

Perdi o apetite e fiquei a imaginar, o quanto esta história se repete todos os dias. Então, resolvi partilhar um pouco do conhecimento que tenho sobre as drogas, de modo reflexivo.

Não é de agora que a droga vem trazendo danos à sociedade, na verdade, existe sempre alguém tentando tirar proveito desta triste realidade. A droga tem uma longa trajetória, acerca de suas descobertas no processo histórico/cultural/social; em que podemos perceber que, também tiveram forte influência para nos trazer benefícios.

Historicamente, sabemos que a 5.400 a.C, temos a mais antiga evidência da produção de bebida alcoólica, constatada através de resíduos de vinhos encontrados num jarro de cerâmica, no norte do Irã. 4.000 a.C, os chineses já consumiam a maconha.

Entre 1850 e 1855, a coca passou a ser usada, como forma de anestesia em operações de garganta. Ela, a cocaína, foi extraída da planta pela 1ª vez. 34 anos depois, é popularizado na Europa o uso anestésico da cocaína e, dois anos depois, nos Estados Unidos, surge o lançamento de uma bebida, com a mistura de cocaína e cafeína: a coca-cola. Após quase um século, a cocaína foi retirada dessa bebida.

Portanto, o alastramento das drogas, que perdura séculos de existência, vem repercutindo num consumo excessivo (principalmente nos jovens), seja por curiosidade, frustração, fuga dos problemas ou por algum outro fator, de ordem social.

O fato é que, sendo a droga definida como qualquer substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento; devemos ter o cuidado de estarmos atentos a não

nos tornarmos vítimas (diretas, porque indiretas já somos, de algum modo), deste círculo vicioso.

É importante e necessário, que não achemos que somos isentos, temos que no mínimo, procurar nos informar e de algum modo, para evitar que este conflito invada nossas vidas, porque cada vez que somos abordados por um viciado (através de roubo, assalto, um revólver ou um canivete apontado sobre a nuca, por exemplo), na busca desesperada de adquirir a droga para satisfazer o vício, também nos tornamos atores envolvidos pelas conseqüências circunstanciais.

O consumo abusivo da droga gera a dependência química: doença complexa com causas e conseqüências de ordem biológica, psicológica e social. Na fase inicial, o efeito é estimulante, com sensação de bem-estar, depois surge o efeito depressivo. Sendo que, o efeito da droga, depende do tipo de usuário, da quantidade ingerida, da via de uso, condições ambientais, entre outros fatores.

Assim, podemos observar que, para os dependentes químicos, o sentimento de prazer ou de alívio imediato, lhes proporciona, mais poder, prestígio e mais intensidade no sexo. Conseqüentemente, percebemos a ocorrência de mudança dos valores, a perda sinalizada no âmbito material e moral e as seqüelas físicas e psicológicas.

Com o avanço da dependência, a identidade desaparece no tempo perdido. Infelizmente, há casos que os usuários sentem muita dificuldade na recuperação e não perseveram devido à abstinência (a ausência da droga) e dentre outros fatores, a própria perda da identidade, que o torna um ser sem credibilidade e sem acesso as oportunidades perdidas. Daí, o retorno a marginalidade.

Neste contexto, não podemos deixar de enfatizar também a questão da co-dependência (doença emocional) dos familiares, que se tornam pessoas com baixa estima e muitas vezes, com sentimento de culpa e de impotência diante da convivência direta com os dependentes químicos. Apesar das medidas sociais de apoio, muitos dos membros familiares, envolvidos neste processo, adoecem, chegando até a ficarem com depressões. Sem resistirem, acabam morrendo, pois da co-dependência, surgem muitas outras doenças, como as cardiovasculares, por exemplo.

Pra finalizar, lembrei de um detalhe que questiono. O problema é mais sério do que podemos imaginar, porque vemos direto na mídia, a conivência com o tráfico envolvendo esferas da elite, mascarada por pessoas que nos representam nas tomadas de decisões que, ao invés de investirem o dinheiro público para a formação de pessoas conscientes e saudáveis, preferem investir num processo de desumanização, através do tráfico efetivo e a corrida desenfreada pela conquista dominadora dos seus próprios interesses capitalistas.

De consolo, investe em instituições de apoio com o mínimo de condições de infra-estrutura, o que na maioria das vezes, dificulta o trabalho das pessoas que gostaria de promover a recuperação, tanto dos dependentes químicos, como dos co-dependentes.

Em suma, também é preciso que o sujeito viciado tome uma atitude, do seu interior para fora: é preciso querer, de fato e perseverar. E buscar forças em Deus (que tudo pode) dentro de si mesmo, acreditando que é possível recuperar sua identidade e o respeito dentro da sociedade.

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 20/10/2008
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T1237471
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