Cavalo arreado
 
A todo instante a existência principia; em torno de cada aqui, gira a esfera do acolá. O centro está em toda parte. Tortuosa é a senda da eternidade
Friedrich Nietzsche
 
 
 
A vida não dá coisa alguma sem retribuição e sobre cada coisa concedida pelo destino, há secretamente um preço, que cedo ou tarde deverá ser pago.
O hoje é sempre conseqüência do ontem.
Por isso não acredito em castigos e recompensas.
As atitudes, as escolhas pessoais, quase sempre se tornam o destino das pessoas.
Alegria e felicidade são conseqüências irremovíveis de nossas contingências anteriores. Todo efeito implica necessariamente, a existência de uma causa.
Tudo vem em ciclos.
Viver é isso.
Nada acontece sem aviso nem é esquecido sem deixar marcas.
Qualquer que seja o instante perdido, é para sempre.
Quando saímos da estrada principal devemos nos confrontar com novos desafios e caminhos.
Neles, podemos errar.
Ou acertar.
Mas o risco é inevitável.
Quantas vezes deixamos o cavalo arreado passar!
Não o montamos.
Por medo ou insegurança.
Ou mesmo por escolha.
Talvez por julgarmos que ele passará novamente.
Nas mesmas condições e facilidades.
Muito provavelmente ele não voltará.
Perdê-lo não é como perder um trem.
O trem tem horários determinados.
É previsível.
Sempre passará
O cavalo arreado não.
Passa...
Deixa suas marcas.
Resta-nos a imagem do que poderia ter sido feito se ousássemos montá-lo.
E como a viagem poderia ter sido.
O instante torna-se ontem.
No exato momento em que deixamos de fazê-lo.
Torna-se passado.
E não há nada a fazer.
 
 
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