DIABETES - UM MAL EM EXPANSÃO

Começo este texto esclarecendo que não sou médico e que minha relação com a área da saúde resume-se ao trabalho como voluntário em um hospital da minha cidade.

Não sendo médico e não tendo formação em nenhuma outra área da medicina, quais os motivos que me levam a escrever sobre o nada agradável assunto em questão?

O principal deles é que sou portador de diabetes do TIPO II, o tal do diabetes sem dependência de insulina, que ocorre com maior frequência em adultos, sendo mais comum em pessoas com excesso de peso (alguns o chamam de diabetes adquirido). Nesse caso, o corpo produz insulina, mas ela não funciona adequadamente. O diabetes do tipo II é controlado mediante um equilíbrio entre os alimentos que comemos, exercícios físicos, controle de peso e, em alguns casos, através de medicamentos. No TIPO I estão as pessoas insulino-dependentes. Ocorre em jovens, sendo necessário aplicar insulina para suprir a falta ou a produção insuficiente do corpo.

O diabetes é uma enfermidade que aumenta a quantidade de açúcar no sangue (o termo técnico correto é glicose). Qual dos dois tipos é o pior, não vem ao caso, pois, com o passar do tempo, ambos podem causar sérios problemas à saúde do portador, quando não tratados adequadamente. Não vem ao caso neste texto quais as complicações que podem ocorrer. Isso pode e deve ser motivo de informações preventivas junto ao médico de confiança de cada um.

É uma doença que se instala sem dar sintomas aparentes e que aumenta em intensidade e número de casos a cada novo dia. Não me importo com esse tipo de estatística, mas a realidade nua e crua é que o diabetes está avançando de forma assustadora a nível mundial, inclusive em crianças.

Como seus sintomas nem sempre são percebidos, e grande parte da população desconhece a doença, bem como os cuidados a serem tomados, sua progressão é inevitável.

Lendo um livro sobre Bossa Nova, fiquei sabendo que Ismael Silva, um dos fundadores do conjunto vocal “Os Cariocas”, morreu aos 31 anos de idade após uma grave crise, sem saber que era diabético. Assim como Ismael, muitos são portadores da doença e não sabem. E o grande fator que pode fazer a diferença no seu controle é a alimentação adequada. Os abusos vão sendo cometidos sem culpa; os problemas vão evoluindo sem avisarem, até que o pâncreas apresenta sua carta de demissão e a crise se instala, podendo levar a situações gravíssimas ou à própria morte.

Existem várias outras doenças causadoras de sérios problemas a seus portadores, até maiores do que o próprio diabetes. Assim como essas outras doenças, o diabetes requer uma dieta alimentar balanceada e controles constantes do nível de açúcar presente no sangue, algo que o próprio diabético pode fazer através dos instrumentos apropriados para isso. O médico irá determinar como fazer esse controle, sem que você entre em processo de neurose.

É difícil, muito difícil mesmo, adaptar-se à nova vida, após a confirmação da doença. E são vários os motivos que levam a isso.

Um deles é o ato de comer. A comida é um dos grandes prazeres da vida, e qualquer restrição que se faça a isso é uma tortura. Ver-se impossibilitado ou até proibido de ingerir certos alimentos é uma verdadeira odisséia.

Outro ponto importante na difícil adaptação à “nova vida” está ligado às agulhas, sejam aquelas para medir a dosagem do açúcar no sangue, ou aquelas para injetar a insulina no organismo – quando necessário. Esse talvez seja o maior motivo pelo qual não se controle adequadamente o diabetes no organismo.

De minha parte digo a vocês que custei muito a aceitar e me adaptar à doença. Nasceu, e crescia cada vez mais dentro de mim, um sentimento de revolta muito grande por ser portador de diabetes. A simples menção da palavra já me irritava. Amigos e amigas sabendo disso, referiam-se ao diabetes usando outro nome, um nome de fantasia, como por exemplo, “problemas de açúcar”.

Até que, finalmente, caí na realidade e assumi de vez. Procurei por um endocrinologista; estou medicado; ainda não sou dependente de insulina; faço dieta alimentar e exercícios regularmente, além de ter trabalhado minha cabeça para isso. Perdi o trauma do furo da agulha no dedo e faço meus controles de glicemia conforme orientação médica, registrando todos os valores obtidos, para efeitos de comparação e também para comprovar a eficácia do tratamento. Se um dia os comprimidos não fizerem mais o efeito esperado e houver necessidade do uso de insulina injetável, será mais um trauma a vencer. Mas tenho certeza que vou conseguir.

O que procurei fazer aqui foi relatar uma realidade da minha vida, alertando para os males dessa doença silenciosa e para os benefícios que um controle bem feito podem proporcionar a todos que possuem essa patologia.

Não descuidem jamais da saúde, pois é o bem mais valioso que possuímos. Sempre que existirem as tais campanhas de saúde, geralmente patrocinadas por prefeituras, quando, dentre outros procedimentos, dosa-se o nível de glicose da população, verifique a quantas anda a sua. Não custa nada. E, o mais importante de tudo, não tenha receio do resultado.

Você só irá ganhar com isso e sua saúde irá lhe agradecer.

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Santos, 20 de outubro de 2008

Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 23/10/2008
Código do texto: T1244818
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