ENTRE A SANIDADE E A LOUCURA

Decididamente não sou o rei de Britain, não me chamo Lear, não tenho filhas com nomes de Generil, Regan ou Cordelia e não estou dividindo o meu reino. Nem tampouco me sinto Frida, que perdeu o sapato, que foi achado pelo já cego Édipo, que ajudado por Antígona põe o sapato em Frida, que a sufoca até a morte. E ainda por cima não saí mundo afora proclamando que “ Eu ti dei a minha vida e você me perdeu!”. Por conseguinte, sinto-me em pleno gozo das minhas faculdades mentais.

Sobre a ótica do psicanalista inglês Adam Phillips (Louco Para Ser Normal), a LOUCURA pode ser vista como confusão, agressividade ou frustração demais, como desenvolvimento defeituoso, como espera insuportável e como falta de esperança.

Quanto a SANIDADE, podemos pensá-la, ainda pela ótica de Phillips, como violação de tabus, como consciência tolerável de nossos limites, como vitalidade preservada, como fé e até como sorte por ter nascido com quantidades certas de emoções para não adiar o desejo nem nosso corpo, nem o querer.

Ainda nos propõe a SANIDADE como capacidade de suportar as tensões das experiências nas diferentes escolhas que fazemos, no reconhecimento das implicações éticas dos atos, na consideração dos efeitos devastadores da humilhação e sobre a importância da esperança.

E eu que não sou nenhum Shakespeare ou George Orwell e nunca criei personagem maluco, vou ficando por aqui, agradecendo a doutora psicoterapeuta Denise M. Molino pela mãozinha a mim concedida na elaboração do artigo de hoje.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 28/10/2008
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