FALANDO SÉRIO.


Quando atingem você com um petardo, alguém diz para você que o atirador não merece que você chore por ele?
Se você for assaltado e lhe levam o salário do mês, as pessoas sugerem que você esqueça o ocorrido?
Nem preciso que me responda. Nunca ouvi alguém falar isso para quem foi ferido fisicamente ou por quem tenha tido o bolso afetado.
Porém, é uníssono o conselho de que você ignore quem lhe roubou sonhos ou lhe perfurou a alma.
O texto deve ser curto, pois hoje não posso pedalar como Marília Paixão, nos seus textos dinâmicos, bem escritos e deliciosos.
Estou em repouso forçado, escrever ou navegar na web é minha atual transgressão. Quem já sentiu a dor decorrente de uma hérnia de disco, pode imaginar como dá medo transgredir.
Escrevo bobagens em um começo de tarde de outubro quando ainda venta em Natal. Jogo conversa fora com os leitores, mas falo sério, também.
Por isso falo nas dores e furtos invisíveis que laceram seres humanos tanto quantos os visíveis. Todas as pessoas sensíveis sabem disso e respeitam os que sofrem na alma.
Alimentar o sofrimento é burrice que acomete até moças inteligentes (lembrando Marília). Chorar ajuda e disso eu entendo, apesar de não ser mais a carpideira de plantão que fui. Eu choro para limpar o coração.
Bom é amar a si próprio e se cuidar. Eu me amo quando aceito a dor, quando busco compreensão, quando tomo um bom banho com aroma de flor de laranjeira, quando escrevo o que quero, mesmo que tenha que voltar para a cama já. Eu amo quem me ouve, quem me abraça e quem me faz rir.
E talvez o culpado da dor na minha coluna seja o Alan Greenspan. Aquele que reinou no Banco Central Americano. Pelo menos é o que diz a Veja dessa semana. E aceito conselhos sobre se devo ignorá-lo ou não.


EVELYNE FURTADO, EM 28 DE OUTUBRO DE 2008.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 28/10/2008
Reeditado em 09/11/2008
Código do texto: T1252908
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