LUA CHEIA

Inspirada na personagem “Bento Carnero” do ator e autor cômico Chico Anysio

Lua cheia...

O vento me arrepia na espinha.

Sou um desses “Bento Carnero” ou um homem-vampiro, que lhe procura na esperança de sobreviver... Os atalhos que percorro são longos, mas de meus agrados... O destino é incerto, mas sinto que é o meu destino...

Quando colocarei um ponto final em nossos pontos de interrogação? Falo da explosão de desejos que se derramam no vermelho dos olhos; falo da força dos meus dedos, enclavinhados nas grades da janela, como obstáculo impedindo encontra-la...

É perto de meia-noite e a noite é uma celeridade...

Não ouço senão o minuano - ao longe - nas planícies; as asas dos curiangos – aos bandos – e o chirriar da suindara... Só não ouço e nem vejo você...

E o pior é que a amo!

O futuro não espera que cruzemos os braços para o amor. Por isso, quero tê-la novamente na deserta rua ensandecido, o coração enluarado em cuja luz prateada nossas sombras se reflitam como um tufo de imagens a rodopiar no negrume de seus movimentos.

Doze badaladas “notúrnicas” - ouço agora!

Cresce o desespero; aumenta o desejo de quere-la; de espreita-la com os olhos em hipnose; de aperta-la contra o peito; de esmaga-la de amor...

Oh! Não quero mais chorar a sua falta...

A noite vai atravessar a madrugada para dar lugar ao sol. Vou perambular por aí... Talvez encontre alguém – como você – que não fuja “de eu” como ave que quer sair da clausura.

Estou por aqui, mesmo que seja Quinta ou Sexta Feira, num dia 13 de qualquer agosto, ao som das doze badaladas de um carrilhão...

Vampiro Brasileiro...

Quer vir? Não tenha medo! Eu espero por você... garanto que minha vingança “não sará malígna”.

Júlio Sampietro
Enviado por Júlio Sampietro em 20/03/2006
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