PORTO SOLIDÃO

Neste porto solidão, navegar os olhos pelo mar é meu prazer.

Buscar – no ricocheteio das ondas – o ruído das águas de encontro aos meus pés.

Junto ao cais, procuro seu vulto familiar. Uma imagem que se assemelhe ao perfil do seu corpo, ou um rosto que lhe estampe as mesmas características, entretanto...

Entristeço-me a cada olhar em vão.

Diviso no horizonte o mar que se confunde no estratagema do espaço azul infinito e depois...

É só chorar!

Sua ausência é como gaivota sobrevoando os penedos vazios da minha existência. Vivo a sonhar que estou pairando sobre espumas flutuantes nas águas salgadas que morrem nas enseadas desertas.

Se encontro alguém, são pessoas estranhas ao meu gosto, desfilando indiferentes. Não sabem ao certo o que se passa em meu peito, nem são capazes de assimilar o tamanho da minha solidão.

Escrever!

Gravar nas areias da praia o seu nome com rimas apaixonadas para que o céu as leiam antes que as ondas as arrastem para o fundo do mar.

Para onde fostes? Nem me disseste.

Ficarei à sua espera, meu amor, olhando o mar que me há de devolver o que levou com tanta rapidez.

Um veleiro há de fazer brilhar meus olhos,

Tristonhos,

Solitários,

Sonhadores,

Onde, navegar os mesmos pelo mar é meu prazer.

Júlio Sampietro
Enviado por Júlio Sampietro em 21/03/2006
Código do texto: T126357