Sinto falta...


Ao recordar o tempo de infância e juventude, lembro-me como se fosse hoje, o dia que aprendi a patinar. Entre tombos e contusões aprendi a deslizar, nas rodas e no gelo, em gostoso bailar.
Quando patinava com alguém “um parceiro”, chegava em casa, cansada,  e mesmo assim corria ao telefone para fofocar, o papo que teria “rolado” com o parceiro; em questão do dia, que patinava. E geralmente dizia:
_ Andei com tal fulano ou com cicrano! 
Motivo este que fazia minha finada e querida avó repreender-me dizendo: 
_ Você andou com quem?  Não tem vergonha de dizer isso,  na mais pura cara lavada???
Antigamente dizia-se que andar com alguém era envolvimento amoroso de má reputação, sem ser namoro... E caia eu no sofá a gargalhar, vendo o mau juízo que minha avó fazia de mim. 
Até fazê-la entender que “andar” com alguém era patinar, era muito difícil, porque como sempre fui muito arteira, minha avó achava que eu estava querendo tampar o sol com a peneira.
Anos a fio assim: patinava em rollers, clubes, shoppings, no divertimento, na profissão, em shows, até que a tal época de ouro de minha juventude esvaiu-se, colocando fim a esta arte, que até hoje sinto tanta saudade.
Hoje e sempre recordo desses meus melhores momentos, onde tudo era fantasia, até aos comentários engraçados, desta que foi tão importante em minha vida, minha querida avó... 
Tadinha dela, se não tivesse ido a 14 anos atrás, de qualquer maneira teria ido depois, mas de inconformismo, porque não se vêem mais hoje os namoros tradicionais, o pedir para os pais da moça se pode namorar, o pedir a mão em casamento e coisa e tal. Hoje só se vivem no ficar, e como ela mesma dizia: no andar...

     
Essência de Tempestade
Enviado por Essência de Tempestade em 05/11/2008
Reeditado em 05/11/2008
Código do texto: T1266544
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