Carta de Amor

Hoje amanheci com gosto de desejo na boca, escrever uma carta de amor. Procurei uma boa música para inspirar-me, escolhi logo Pink Floyd: Apples and Oranges. Engraçado, essa música eu ouvia muito quando estava apaixonada pelo Márcio, a carta de amor não tem nada a ver com paixões antigas.

Sempre achei cartas de amor ridículas, francamente, não combina com essa música: “ A causa eu estou sentindo amor muito cor-de-rosa das maçãs e das maçãs das laranjas e das laranjas“

Agora só consigo pensar no seu gosto de maçã e nas loucuras que já fizemos juntos. Ah! como é fácil dizer eu te amo, como é difícil falar que sua ausência...Desde menina costuma esconder meus sentimentos, basta um passeio pela orla da minha alma, para ver meus barquinhos de papéis a deriva, numa louca enxurrada. Não gosto desse vazio quando alguém vira ausência, você é saudade presente, está todos os dias aqui do meu lado, e continua sendo saudade doida. Viu não consigo me desprender das minhas vergonhas. Preciso começar a carta, colocar em letras bem grandes: MEU AMOR.

A Música acabou, minhas costelas doem, permanecer muito tempo sentada incomoda o nosso bebê, e a minha carta ridícula, transformou-se em esguias adagas, apontadas para o céu, perseguindo laranjas e maçãs.

Você sabe meu amor, toda mulher é meio Leila Diniz, meio todas as mulheres do mundo, desista de entender-me. Deixei de lado a carta de amor, um dia, escreverei, juro... Agora estou pensando no quanto sou feliz, porque sei que nossa felicidade depende exclusivamente da capacidade de transcender os maus momentos, dando importância aqueles que valem a pena; vale a pena ser como todas as mulheres do mundo, vale a pena ser eu mesma, “cortar os defeitos pode ser perigoso“, pronto, agora estou sendo Clarice...

Eu hoje a noite pode ser salva com sua presença e um beijo bom de felicidade.