O ESTRANHO

Paulinho esconde a chave do seu apartamento do lado de fora da porta.

Um dia, seu amigo de infância foi buscar uns objetos lá, saiu, fechou a porta, pôs a chave no lugar de sempre, encontrou-se com a zeladora e disse-lhe:

-Sou amigo do Paulo. O bicho está morto em cima da cama e a chave está do lado.

A moça achou aquilo muito esquisito e foi ao apartamento do vizinho.

-Não. Ninguém deixou nada aqui, não.

-Meu Deus! Então, ele o matou!

-Quem?!

-Um homem estranho, louro, alto e de olhos claros!

-Não pode ser! Vamos apertar a campainha?

-Mas ela está com defeito.

-Então, vou telefonar para ele. Ih... O aparelho está desligado.

-Minha Nossa Senhora! O que vamos fazer, agora?!

-Vou ligar para a mãe dele, em Colatina.

Alô! Tudo bem? Seu filho está aqui em Vitória? Ele está passando bem?

-Uai! Por que tanta pergunta?! O que aconteceu com ele?!

-Nada. É que a gente está batendo na porta e ninguém atende.

-Vou ligar para o celular dele, agora! Minha nossa! Como sempre, está sem bateria!

Daí a pouco.

-Alô! Sou eu de novo. A síndica chamou a polícia.

-Po-lí-ci-a?! Para quê, meu Deus do Céu?!

-Eles querem saber se a senhora autoriza arrombar a porta.

-Claro que autorizo! Arromba depressa e me liga em seguida, por favor!

Quando conseguiram entrar, a zeladora bateu no ombro do jovem:

-Paulo! Paulo! Acorda!

-Jurema?! O quê que você está fazendo aqui no meu quarto?! Que vergonha! Estou só de cueca! Eu juro que não fiz barulho nenhum! Essa mulher daí de baixo é doida!

Ele voltou a dormir e foi sacudido de novo:

-Acorda, rapaz! É muito sério!

-Dona Helena! Jurema! Polícia!!! Gente, o quê que aconteceu?! Eu já disse que não fiz barulho! Estava dormindo como um anjo!

Aliviado, o vizinho correu e ligou para a mãe aflita:

-Alô! Fique tranqüila! O Paulo está vivo!