Do pó a Paixão

Do pó se fez o universo

Deste se fez o mundo

Dai veio o barro, e do barro o homem

do homem se fez o sentimento, e dali o amor

do amor se fez a tristeza e desta a solidão.

Da solidão se fez o querer, o pensar e a loucura,

E de toda loucura nasceu a paixão.

Paixão, que toma forma de maneira desordenada,

Sem dono, lugar ou conexão, cega e atordoada, falante,

Sem pudor, sem medo ou vergonha, sem vergonha.

Do pó a paixão, é tudo o que sei em minha curta vida,

Nasci pronto a berrar nos ouvidos do mundo,

Meu coração espulsou o grito do peito e me trouxe pronto a amar,

A sofrer, correr, aprender, e sim, carregar a paixão dentro da alma

Do pó a paixão, é tudo que meus olhos sabem, minha poesia grita

Surdo desabafo, saio da solidão com morbida esperança de acender alguma luz

A luz da vida, o fogo que arde sem se ver, como dizia um cara chamado Camões

Queimo a alma seja no fogo ou no inferno, mas gosto do fogo e brinco com ele

Sonho ou pesadelo, tanto faz para quem não tem mais sono, vivo acordado

Olhos que sabem e pés que fincam no chão seja ele qual for, sem plantar raiz alguma

Procuro desconstruir tudo o que sei e faço, não quero mais castelos, somente a vida, a paixão

Vivo e morro dez vezes por ouvir e sentir, me basta, apenas sentir, a intensidade me arrebata.

Desconstruo meu universo, paro meu mundo, quebro o barro e abro o homem ao meio, divido tudo e fico com o que vale a mim, aprendo o que é necessário e me desfaço do resto. Se amor, nunca saberei, apenas, sei, que nesta vida, em toda existencia, apenas me importa, do pó a paixão.