O Passeio no Catamarã - XV

Reforçamos o protetor solar antes de subirmos os degraus da escada que dava acesso ao Catamarã Cotinguiba que opera no Lago de Xingó, uma parte represada do Rio São Francisco.

Antes da partida, os operadores do Barco passam as instruções de como usar o colete salva-vida. Dão mais algumas informações relativas ao trajeto e o passeio começa.

A emoção está em alta! O cenário é lindo: os paredões do Cânion surpreendem pela altura e fazem um belo contraste ao azul das águas do velho e querido Chico. E o Catamarã, como um cisne branco, por ali ia deslizando com a maior classe!

Eu me sentia toda orgulhosa de ser mineira como aquele majestoso rio!

Intimamente, eu dizia:

- Querido e lindo Nordeste, aqui está um presente de Minas para você!

Eu admirava, eu fotografava, eu me emocionava!

O piloto da embarcação passava-nos pertinentes informações sobre a região:

“O Rio São Francisco da sua nascente até a sua foz banha 98 municípios dos quais 13 são de Sergipe e 11 de Alagoas.

O Cãnion do Xingó é formado por um vale profundo, escavado na rocha e suas encostas apresentam-se com diversas formas de relevo formadas pela ação erosiva da água e dos ventos. Em alguns pontos ele chega a uma altura de 80 metros.”

Estávamos na divisa da Bahia com Alagoas. E o único município de Alagoas que participa dessa vizinhança é Delmiro Gouveia. Seu nome já foi Pedra, mas foi trocado para homenagear um grande nordestino, cearense empreendedor, que trouxe muito progresso para a região.

“A história de Delmiro Gouveia (1863-1917) é cantada em versos. Raimundo Pelado, poeta sertanejo, assim descreve os feitos do empreendedor: “Quando Delmiro chegou,/naquele triste lugar,/aquilo era deserto/ de ninguém querer morar,/não tinha casa nem gente,/nem estrada pra passar.”

E nos versos de Virgílio Gonçalves de Freitas: “Foi o grande Delmiro Gouveia/que evangelizou o sertão/que matava a fome alheia/abrindo as portas à redenção.”

"Na noite de 10 de outubro de 1917, como era seu costume, Delmiro Gouveia sentara-se na sua cadeira de vime, no alpendre do chalé, debaixo de uma lâmpada elétrica forte que iluminava sua figura de branco. Abriu os jornais para ler as notícias. Eram 21 horas. Por entre as plantas do jardim se esgueiraram três "cabras" armados de rifle. Apontaram: um tiro pegou num braço, um se perdeu, o outro feriu Delmiro no coração. Morria o pioneiro da energia elétrica do Nordeste do Brasil.”

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 11/11/2008
Reeditado em 08/12/2008
Código do texto: T1277235
Classificação de conteúdo: seguro